Título: GOVERNO DEVE NEGOCIAR COM EUA CADEIRA NA ONU
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 17/06/2005, O Mundo/ Ciencia e Vida, p. 33

Fontes do Itamaraty dizem que posição americana sobre Conselho de Segurança não preocupa

BRASÍLIA. A declaração do governo americano de que prefere uma expansão limitada do número de membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas - admitindo a inclusão de um ou dois países, entre os quais o Japão - não preocupa o governo brasileiro.

Segundo uma fonte do Itamaraty, a posição da Casa Branca deve ser encarada como algo positivo, pois indica que os Estados Unidos, pelo menos, concordam que o organismo precisa ser reformulado nos moldes do que defendem Brasil, Índia, Japão e Alemanha - candidatos a vagas permanentes.

Solução seria negociar com os Estados Unidos, diz fonte

Na avaliação do governo brasileiro, isso significa que os EUA aprovam a ampliação do número de integrantes definitivos no conselho - ou seja, apóiam o modelo A, e não o modelo B.

Esse segundo modelo em discussão é defendido pelo chamado "Clube do Café", formado por Argentina, Paquistão, México, Coréia do Sul, entre outros, que só concordam com a expansão do número de membros não permanentes.

- Agora, resta ao Brasil negociar com os americanos - disse essa fonte.

O Brasil faz parte do G-4, grupo que também é integrado por Índia, Japão e Alemanha, candidatos a uma vaga permanente no Conselho de Segurança. Até o governo Clinton, os EUA eram firmes na defesa de ampliar o número de membros permanentes, estendendo o status para representantes de América Latina, Ásia e África. No entanto, com o governo Bush, a Casa Branca passou a defender que só entrassem o Japão e a Alemanha.

Alemanha perdeu preferência dos EUA

Como a Alemanha foi contra a guerra do Iraque, o país europeu ficou de fora das preferências dos EUA. E Bush se calou. Agora, avaliam assessores do Itamaraty, está mais claro o pensamento americano e, ao que tudo indica, passível de ser mudado.

Recentemente, em uma reunião em Nova York, o G-4 abriu mão do direito ao veto por 15 anos. O Brasil explicou que sua candidatura não é movida por esse direito, e sim pela vontade de entrar para o seleto clube formado por EUA, França, Rússia, China e Inglaterra. A expectativa é de que até o final de setembro o quadro sobre o que acontecerá no conselho seja conhecido.