Título: CASA CIVIL NEGA PEDIDO DE INVESTIGAÇÃO À ABIN
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 18/06/2005, O País, p. 14

Acusação fora feita por ex-agente do SNI em depoimento à Polícia Federal, anteontem

BRASÍLIA. A Casa Civil divulgou nota ontem negando que tenha determinado à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) que investigasse a participação da multinacional Unisys no suposto esquema de corrupção nos Correios. A acusação foi feita pelo ex-agente do Serviço Nacional de Informações (SNI) José Fortuna Neves, em depoimento prestado anteontem à Polícia Federal, em Brasília.

No texto, a assessoria especial da Casa Civil argumenta que o órgão não poderia ter solicitado a atuação da Abin em qualquer caso, já que a agência é diretamente subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. "Isto não faz parte das atribuições da Casa Civil. São improcedentes, portanto, as menções à Casa Civil feitas pelo depoente", diz a nota.

Funcionário da Abin teria procurado Fortuna

Fortuna disse à Polícia Federal que um funcionário da Abin o procurou nos últimos meses pedindo informações sobre a Unisys. Esse agente teria relatado que haveria uma ordem da Casa Civil para cancelar os contratos já firmados da empresa com o Ministério da Previdência e os Correios.

O GSI também divulgou nota para garantir que a Abin não recebeu ordens da Casa Civil. Na nota, o GSI afirma, no entanto, que os agentes da Abin atuam "visando a proteção da Previdência e de outras estruturas do governo, podendo ter como foco, ou não, entidades da iniciativa privada, nacionais ou multinacionais". Essa declaração seria uma maneira indireta de admitir que a Abin investigou a Unisys.

Texto explica que agência só recebe ordens do presidente

A nota do GSI ressalta, no entanto, que as ações dos arapongas não podem ser "confundidas ou deturpadas com possíveis esquemas". O texto explica que a agência só pode receber ordens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou do chefe do GSI, general Jorge Félix. A nota também informa que Félix e o diretor-geral da Abin, Mauro Marcelo Silva, deverão comparecer à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, no Congresso, para esclarecer as denúncias.