Título: Correios recuam na nomeação de ex-diretores
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 18/06/2005, O País, p. 14

Afastados após as denúncias de corrupção na ECT, dois diretores retornaram como consultores da empresa

BRASÍLIA. Os Correios decidiram anular ontem a nomeação dos ex-diretores Eduardo Medeiros de Moraes e Maurício Coelho Madureira para a função de consultores da estatal. A ordem partiu do ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, e a portaria anulando a nomeação será publicada segunda-feira no boletim interno da empresa.

Medeiros de Moraes e Madureira foram afastados do cargo, juntamente com toda a diretoria dos Correios no último dia 7, numa reação do governo às denúncias de corrupção na estatal.

Nomeação de consultores é regra nos Correios

Como são funcionários de carreira, ambos permaneceram no quadro de pessoal e, na última segunda-feira, foram nomeados consultores. Esse procedimento é regra nos Correios, tanto que atualmente outros três ex-diretores prestam consultoria à empresa.

Cada consultor recebe R$10 mil por mês. Ao contrário do que a assessoria de Imprensa dos Correios divulgara anteontem, essa quantia é menor do que o salário de diretor, que gira em torno de R$15 mil. Ainda assim, supera a remuneração a que os servidores teriam direito após perderem a gratificação de diretor.

De acordo com a assessoria de Imprensa, Medeiros de Moraes, ex-diretor de Tecnologia, e Madureira, que era diretor de Operações, passarão a receber salário na faixa de R$5 mil a R$6 mil mensais. O ato de nomeação como consultores perderá efeito na segunda-feira, quando for publicada portaria interna. Desse modo, eles não terão direito a remuneração pelos dias em que trabalharam como consultores.

Outros quatro ex-diretores e o ex-presidente João Henrique de Almeida Souza, todos afastados, não eram funcionários de carreira. Por isso, não têm mais vínculo com a estatal.

Marinho continua afastado por motivo de saúde

Ontem, a comissão de sindicância dos Correios pediu mais 60 dias para apurar as denúncias, após esgotar-se o prazo inicial de um mês. Maurício Marinho, que é funcionário de carreira, continua afastado oficialmente por motivo de saúde. Ele segue recebendo salário. A nova diretoria dos Correios, cujo presidente interino é Janio Cezar Luiz Pohren, espera o fim da sindicância para exonerar Marinho.

Reportagem da revista "Veja" mostrou que Marinho, na época chefe do Departamento de Contratação e Administração de Material dos Correios, foi flagrado cobrando propina de empresários que queriam fornecer equipamentos de informática aos Correios.