Título: DÓLAR E RISCO-BRASIL VOLTAM A NÍVEL ANTERIOR À CRISE
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 18/06/2005, Economia, p. 29

Moeda tem 2ª menor cotação do ano: R$2,388. Indicador de confiança no país é o mais baixo desde 11 de março

RIO e NOVA YORK. Pelos números de ontem no mercado financeiro brasileiro, os investidores deixaram de lado a crise política e continuam lucrando alto com os ativos brasileiros. Duas semanas após as denúncias do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de um suposto esquema de pagamento de mesadas a deputados em troca de apoio, dólar e risco-Brasil não apenas terminaram o último dia de negócios da semana de volta aos níveis anteriores à crise, como se aproximaram dos menores patamares registrados no ano.

A saída do ministro José Dirceu da Casa Civil - acusado por Jefferson de envolvimento no suposto esquema de corrupção - e a de Jefferson da presidência do PTB trouxeram alívio para os investidores e o dólar encerrou os negócios em queda de 0,75%, a R$2,388. Foi a segunda menor cotação do ano, atrás apenas da registrada no dia 30 de maio, quando a moeda americana atingiu a mínima de R$2,372. Antes da crise, a moeda valia R$2,42.

Já o risco-Brasil, importante indicador da confiança dos investidores estrangeiros no país, caiu 1,22% ontem, marcando 405 pontos centesimais (quanto mais alto, pior). É o menor patamar desde 11 de março (399 pontos). Antes das denúncias, o risco estava em 416 pontos e, na mínima do ano, registrada em 8 de março, atingiu 376 pontos.

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu 1,33%, para 26.092 - próxima à máxima do dia - e o Global 40, título mais negociado da dívida externa brasileira, teve ligeira valorização (0,04%), cotado a 119,3% do valor de face.

Ontem o Conselho de Administração da Petrobras informou que aprovou a proposta de desdobramento das ações preferenciais e ordinárias da companhia. Cada papel passará a ser representado por quatro ações após a operação, ou seja, os acionistas receberão três novas ações para cada papel em carteira.

Petróleo bate recorde nomercado internacional

O capital social da Petrobras passará a ser composto de 4,386 bilhões de ações. A intenção é facilitar o acesso dos pequenos investidores aos papéis da empresa, ampliando assim a base de acionistas. O desdobramento ainda precisa ser aprovado na assembléia geral extraordinária marcada para o dia 22 de julho. O conselho da empresa também aprovou o pagamento, até janeiro de 2006, de juros sobre capital próprio aos acionistas. Serão pagos R$2 por ação ordinária ou preferencial.

No mercado internacional, os preços do petróleo alcançaram ontem um novo recorde histórico, estimulados pelos temores crescentes de uma escassez da commodity até o fim do ano. Para muitos analistas, a cotação do produto ruma firmemente para os US$60 por barril. Na Bolsa Internacional de Petróleo, em Londres, o preço do barril do petróleo do tipo Brent (referência internacional) subiu 2,7%, para US$57,76. Mas cedo, chegou a quebrar o pico histórico, alcançando US$57,95. Já na Bolsa Mercantil de Nova York, a cotação do tipo cru leve americano saltou 3,3%, para US$58,47 o barril. Durante a sessão, também quebrou o recorde histórico ao atingir US$58,60 o barril (contra os US$58,25 alcançados em abril).