Título: PARAGUAI SE ALINHA À ARGENTINA NA DEFESA DE SALVAGUARDAS NO MERCOSUL
Autor: Janaína Figueiredo
Fonte: O Globo, 18/06/2005, Economia, p. 30
País propõe barreiras se um membro do bloco se queixar de importações
ASSUNÇÃO. No primeiro dia de reuniões entre negociadores do Mercosul, às vésperas da Cúpula de Presidentes que começa amanhã na capital paraguaia, os governos da Argentina e do Paraguai defenderam a necessidade de incorporar mecanismos que limitem o comércio entre os países do bloco quando um setor provar que está sendo prejudicado pelas importações de outro país da região. O subsecretário de Integração Econômica da Argentina, Alfredo Chiaradia disse que os negociadores defendem que é preciso "dar confiança e segurança aos empresários e aos governos para ter um projeto mais ambicioso de integração regional".
O governo paraguaio apresentou uma proposta aos demais países do bloco, à qual O GLOBO teve acesso, que está em sintonia com a demanda que a Argentina vem fazendo ao Brasil desde setembro do ano passado. Segunda-feira passada, após um encontro com o ministro da Fazenda brasileiro, Antonio Palocci, em Buenos Aires, o ministro da Economia argentino, Roberto Lavagna, afirmou que os dois países estão buscando chegar a um acordo sobre mecanismos para equilibrar o comércio (leia-se limitar o intercâmbio comercial para proteger setores da industria argentina).
- Estamos de acordo com o conceito da proposta paraguaia. Consideramos que determinados mecanismos de proteção não afetam a arquitetura do Mercosul, pelo contrário, permitirão mais integração - afirmou Chiaradia.
O documento apresentado pelo Paraguai prevê a aplicação de barreiras tarifárias caso as importações de um determinado país superem 25% do total das importações do membro do bloco que se sentir prejudicado. Ao contrário da Argentina, o governo brasileiro considera essa proposta inadmissível.
Kirchner não participará das reuniões de presidentes
Hoje haverá um encontro de ministros das Relações Exteriores e amanhã, o dos presidentes. Além de discutir a proposta paraguaia, eles tentarão fechar um acordo para criar um fundo de ajuda aos países menos competitivos do bloco. O fundo deverá ter cerca de US$80 milhões, dos quais 70% serão financiados pelo Brasil, 27%, pela Argentina, 2%, pelo Uruguai e 1%, pelo Paraguai.
Também serão anunciados um acordo para erradicar a febre aftosa em toda a região e a adesão do Peru e da Venezuela à Declaração Presidencial sobre Compromisso Democrático do bloco.
Mais uma vez, o presidente argentino, Néstor Kirchner, mostrará dar pouca importância às reuniões entre presidentes da região. Segundo a agenda divulgada ontem pelo governo do Paraguai, Kirchner chegará a Assunção amanhã às 15h15m e voltará para a Argentina no mesmo dia, às 20h. Ele participará do jantar oferecido pelo governo paraguaio, mas não estará nas reuniões presidenciais da segunda-feira, quando serão anunciados os acordos assinados durante a cúpula. Seus colaboradores disseram que ele terá de participar da tradicional homenagem ao Dia da Bandeira, na cidade de Rosario, na segunda-feira.
Já o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, terá uma intensa atividade na capital paraguaia. Chávez chega amanhã às 4h45m e fica no Paraguai até terça-feira.