Título: G-4 DECIDE PRESSIONAR EUA NA REFORMA DA ONU
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 18/06/2005, O Mundo, p. 35

Brasil está entre os países que pedem a Washington mais flexibilidade. Itamaraty comemora reação do Japão

BRASÍLIA. Brasil, Índia, Japão e Alemanha, nações candidatas ao posto de membro permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, farão uma nova investida junto aos Estados Unidos no próximo dia 22, num encontro paralelo à Conferência Internacional sobre o Iraque, em Bruxelas, na Bélgica. A estratégia do G-4 - grupo que reúne os quatro países - é convencer os americanos a flexibilizarem sua proposta para a reformulação do conselho.

Na última quinta-feira, a Casa Branca anunciou que via com restrições a expansão do número de integrantes permanentes do Conselho de Segurança, sinalizando que só concordaria com o ingresso de um ou dois países - um deles seria o Japão - no seleto clube formado por EUA, China, Rússia, França e Reino Unido. No mesmo dia, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, discutiu o assunto, por telefone, com a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice.

Amorim revelou a seus auxiliares mais próximos que, depois da conversa, estava mais otimista quanto ao futuro. Condoleezza teria dito ao chanceler brasileiro que seu país está fortemente engajado no debate, que entra no próximo mês em sua reta final.

Para o Brasil, o mais importante é que os americanos decidiram entrar na negociação pendendo para o lado daqueles que defendem a ampliação do número de membros permanentes. Seria ruim se, ao finalmente anunciar o que pensa, a Casa Branca demonstrasse apoiar os países que só admitem expandir o número de participantes rotativos, com mandato de dois anos, entre os quais o México, a Argentina e o Paquistão.

- O Brasil continua firme na proposta do G-4. Pretendemos manter diálogo com todos os países, inclusive os EUA - afirmou o chanceler Celso Amorim.

Brasil comemora reação japonesa à posição dos EUA

Se, por um lado, a posição dos EUA indica que há um fio de esperança para o G-4, de outro a rejeição da proposta americana pelo primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, foi motivo de comemoração do governo brasileiro. Os japoneses deixaram claro que não querem se sentar sozinhos como novatos em uma cadeira permanente no conselho e que estão firmes com o G-4.

- Reconhecemos que Tóquio ficou numa situação difícil, pois os EUA são grandes aliados do Japão. Mas a declaração do primeiro-ministro mostra que temos muito a ganhar nessa negociação - disse ontem um influente diplomata brasileiro