Título: PINOCHET: CONTAS SUSPEITAS NA ARGENTINA
Autor:
Fonte: O Globo, 20/06/2005, O Mundo, p. 22
Justiça investiga se ex-ditador usou bancos do país para lavar dinheiro
BUENOS AIRES. A Justiça da Argentina e a do Chile estão investigando movimentações bancárias suspeitas ligadas ao ex-ditador chileno Augusto Pinochet na Argentina, afirmou ontem o jornal "Clarín". Segundo o jornal argentino, um relatório do Senado dos Estados Unidos revelou que familiares, testas-de-ferro e empresas ligadas a Pinochet tiveram contas no Citibank de Buenos Aires.
A notícia foi divulgada semanas depois de a Justiça chilena suspender a imunidade judicial a que Pinochet tem direito, como senador vitalício, para que o ex-ditador, de 89 anos, seja julgado por ter mantido contas secretas nos EUA, reveladas pelo Congresso americano.
Mulher de ex-ditador entre investigados
O "Clarín" disse que, a pedido do jornal, o Banco Central da Argentina está investigando as informações sobre as contas no país e que um procurador abriu quinta-feira uma investigação preliminar para determinar se houve lavagem de dinheiro de Pinochet.
Segundo o "Clarín", o governo argentino recebeu pedidos da Justiça chilena para investigar se a mulher de Pinochet, Lucía Hiriart, ou empresas fantasmas ligadas à família do ex-ditador tiveram contas ou realizaram operações financeiras ilegais no país. Foram registradas também na Argentina atividades comerciais de dois chilenos com nomes idênticos aos de dois irmãos mortos de Pinochet.
De acordo com o jornal, uma das contas investigadas pertenceria a Marco Antonio Pinochet, filho do ex-ditador, que foi à Argentina ao menos cinco vezes nos últimos anos. Oscar Aitken Lavanchy, um dos advogados do ex-ditador, também foi à Argentina cinco vezes entre os 2002 e 2004, disse o "Clarín".
Ao longo dos últimos 25 anos, Pinochet administrou uma quantia estimada em US$17 milhões em 128 contas secretas no banco americano Riggs e em outros bancos estrangeiros.