Título: PUBLICITÁRIO PODE TER USADO LARANJA PARA ABRIR FIRMA
Autor: Ricardo Galhardo
Fonte: O Globo, 21/06/2005, O País, p. 9

Ex-funcionário de Valério diz não saber que é sócio dele

BRASÍLIA. A suspeita de que o publicitário Marcos Valério Fernandes utiliza funcionários da agência SMP&B como laranjas ganhou um reforço. O economista Renee Pinheiro Anunciação, que aparece no registro da Novo Mundo Participações Ltda como sócio do publicitário, disse ontem que desconhece a sociedade. Anunciação trabalhou na área financeira da SMP&B entre 1996 e 1999, mas diz que nunca fundou uma empresa com Valério:

- Estou surpreso e preocupado e nem sei o que fazer agora - disse, ao ser informado da existência da empresa em seu nome.

A Novo Mundo foi criada em 24 de julho de 1998, quando Anunciação atuava na SMP&B. Ele saiu em novembro de 1999 e foi substituído por Simone Vasconcellos, que virou gerente financeira da agência e é também uma das principais testemunhas de Valério no processo que ele move contra a ex-secretária Fernanda Karina Somaggio por tentativa de extorsão.

A ex-secretária confirmou, em entrevista à revista "IstoÉ Dinheiro", parte das denúncias do deputado Roberto Jefferson - que aponta Valério como o homem que entregou R$4 milhões ao PTB - mas depois negou as acusações.

A Novo Mundo tem capital de R$990 mil, dividido igualmente entre Valério e Anunciação. O objetivo da sociedade é "a participação como quotista ou acionista de outras sociedades", segundo seu registro.

Valério diz que empresa pode nunca ter funcionado

Perguntado sobre a Novo Mundo, Valério disse que iria verificar seus registros, mas que, segundo informações de seu contador, poderia adiantar que a empresa nunca funcionou. Pelos registros do cartório de Belo Horizonte, ela continua ativa.

Em julho de 2002, a secretária-executiva da SMP&B Adriana Fantini Boato e o chefe dos boys, Orlando Martins, criaram a 2S Participações Ltda., que em 2 de setembro foi transferida para Valério e sua mulher, Renilda Maria Fernandes de Souza. Valério informou que a empresa foi criada em nome da secretária e do boy porque, na época, ele tinha problemas com o Fisco.

Adriana é testemunha no processo de Valério contra a ex-secretária Karina, que também ter sido usada como laranja.