Título: MP ABRE INVESTIGAÇÃO CONTRA DELÚBIO
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 21/06/2005, O País, p. 11

Tesoureiro do PT ganha como professor de Goiás sem trabalhar há dez anos

BRASÍLIA. O Ministério Público de Goiás abriu inquérito civil para investigar o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, por enriquecimento ilícito. O promotor Fernando Krebs, responsável pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, quer saber por que Delúbio recebia salário de professor da rede estadual de ensino mesmo estando afastado do posto para se dedicar ao partido.

Delúbio será chamado a prestar depoimento. Também serão convocadas a secretária de Educação de Goiás, Eliana França, e a presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do estado (Sintego), Noeme Silva. Os R$1.020,28 líquidos que Delúbio recebia mensalmente até maio eram garantidos por uma licença remunerada, graças ao argumento de que o petista estava em exercício de função sindical.

Um dos personagens centrais das denúncias que causaram a maior crise do governo, o professor de Matemática Delúbio Soares foi contratado pela Secretaria de Educação de Goiás em 1976. Em 1988, licenciou-se para trabalhar para a Central Única dos Trabalhadores (CUT). Depois que deixou a central sindical, passou a figurar como um dos dirigentes do Sintego, o que vinha lhe garantindo a remuneração, já que trabalhadores em exercício de função sindical têm direito a salário, mesmo afastados do serviço.

Além de apurar o fato de o tesoureiro ter recebido os salários indevidamente - o que por lei pode ser caracterizado como enriquecimento ilícito, independente do valor - Krebs quer investigar se houve improbidade administrativa por parte dos dirigentes da Secretaria estadual de Educação que vinham chancelando a licença remunerada do tesoureiro petista.

Para o promotor, um dos indícios de irregularidade está no trabalho que Delúbio vem exercendo nos últimos anos como tesoureiro do PT, morando em São Paulo. Este fato, segundo Krebs, caracterizaria que ele não exerce qualquer função relacionada ao sindicato dos professores de Goiás, o que não lhe daria o direito à licença remunerada.