Título: DÍVIDA FEDERAL EM TÍTULOS SUBIU R$14 BI EM MAIO
Autor: Enio Vieira
Fonte: O Globo, 21/06/2005, Economia, p. 21

Emissões de papéis públicos e pagamento de juros elevaram endividamento

BRASÍLIA. Novas emissões de papéis públicos e o pagamento de mais juros provocaram um aumento de R$14,1 bilhões no estoque da dívida mobiliária federal interna (em títulos) em maio. O endividamento passou de R$873,83 bilhões em abril para R$887,93 bilhões no mês passado, quando o Tesouro Nacional fez uma emissão líquida de R$3,8 bilhões. Os juros foram responsáveis por R$10,3 bilhões da alta no período.

A parcela da dívida composta por papéis prefixados (com taxa de remuneração definida e menos suscetíveis às oscilações de mercado) subiu de 20,3% em abril para 22,1% em maio, devido à emissão líquida R$16,2 bilhões de Letras do Tesouro Nacional (LTN) mês passado. Já a parcela indexada à Taxa Selic caiu de 58,5% para 57,2% no período, devido ao resgate líquido de R$11,3 bilhões de Letras Financeiras do Tesouro (LFT).

A dívida cambial também continua caindo. Em maio, a parcela indexada ao câmbio ficou em 4,3%, contra 4,6% em abril, graças a um resgate líquido de R$400 milhões e à valorização de 5,04% do real frente ao dólar. Segundo o chefe do Departamento de Operações de Mercado Aberto do Banco Central, Ivan de Oliveira Lima, o resgate líquido de títulos cambiais este ano chega a US$15 bilhões.

O prazo médio da dívida ficou mais curto: 27,5 meses em maio, contra 27,9 meses em abril. E o endividamento de curto prazo (12 meses) passou de 42,8% em abril para 43,8% mês passado. Isso significa que o governo precisa ter mais recursos em caixa num prazo pequeno para honrar seus compromissos. Segundo o coordenador da dívida pública, Paulo Valle, esse comportamento é sazonal:

- Apesar de a dívida de curto prazo ter crescido, esse percentual vai cair ao longo dos próximos meses. Vamos manter nossa estratégia de alongar a dívida.

Valle afirmou que a demanda por títulos públicos não diminuiu depois das denúncias de corrupção no Congresso. Ele acrescentou que a taxa de rolagem da dívida este ano está em 111% (o governo consegue alongar a dívida que está para vencer e ainda emite novos títulos), contra 86% em 2004. (Martha Beck)