Título: BRASILEIRO APLICOU US$ 94,7 BI EM OUTROS PAÍSES
Autor: Enio Vieira
Fonte: O Globo, 21/06/2005, Economia, p. 21

Volume em 2004 cresceu 14,6% em relação ao ano anterior, segundo o BC, puxado por investimentos de empresas

BRASÍLIA. Os brasileiros aumentaram em 14,6%, no ano passado, suas aplicações no exterior. O volume total passou de US$82,692 bilhões em 2003 para US$94,731 bilhões em 2004. De acordo com o chefe do Departamento de Capitais Estrangeiros e Câmbio (Decec) do Banco Central (BC), Sidinei Corrêa, o crescimento ocorreu devido aos investimentos diretos que as empresas brasileiras fizeram em outros países.

Estas aplicações para abertura de filiais ou parcerias subiram de US$54,892 bilhões para US$70,691 bilhões. Houve uma operação em particular que inflou os números: a troca de ações de US$4,9 bilhões da AmBev com os belgas da Interbrew.

Os números constam do censo de Capitais Brasileiros no Exterior do BC relativo ao ano de 2004. Os investimentos em carteira (como ações e títulos) cresceram de US$5,946 bilhões para US$8,201 bilhões. Já os depósitos em bancos registraram queda de US$16,412 bilhões para US$10,435 bilhões.

Pessoas físicas tinham US$18 bi em outros países

Segundo os técnicos do BC, a redução foi provocada pelo menor volume de recursos que o Tesouro Nacional adquiriu no ano passado, em relação a 2003, no mercado brasileiro para o pagamento de dívida pública externa. Como a operação ocorre no mercado futuro, o Banco do Brasil mantém no exterior o dinheiro a ser usado pelo Tesouro.

O BC recebeu 11.113 declarações, o que representou uma alta de 4,6% frente a 2003. Foram 9.476 pessoas físicas que disseram ter US$18,631 bilhões no exterior. Um total de 1.637 empresas declarou ter US$76,1 bilhões em outros países. A declaração era obrigatória para valores acima de US$100 mil e foi entregue até 31 de maio último.

Sidinei Corrêa informou que apenas em agosto o BC divulgará todos os dados da pesquisa. Segundo ele, as informações obtidas não podem ser usadas para fiscalização ou para cruzamento de dados com a Receita Federal.

- O censo é declaratório e, portanto, não trata de questões como fiscalização de laranjas - disse o chefe do Decec.

Com base nos dados de 2003, os técnicos do BC identificaram que os maiores aplicadores no exterior são os bancos e as empresas que usam holdings para administrar negócios no mercado internacional. O principal destino de recursos brasileiros são os países que oferecem benefícios fiscais, como o Uruguai, e paraísos como as Bahamas, Ilhas Virgens e Ilhas Cayman.

Proporção frente ao PIB recuou para 15,7%

As empresas utilizam estes locais como sede de suas operações no mercado internacional e, a partir daí, fazem suas aplicações em outros países. Apesar do aumento, o total de capitais brasileiros no exterior em relação ao Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no país) em dólar caiu de 16,3% para 15,7%, devido à valorização do real.

inclui quadro: dinheiro lá fora