Título: AJUSTE NO MERCOSUL
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Fonte: O Globo, 22/06/2005, Opinião, p. 6

O princípio que norteia o Mercosul é muito simples: a união faz a força. Separados, os países desta região do planeta certamente teriam hoje menos voz e poder de barganha nas negociações multilaterais que vêm definindo as regras do comércio internacional. E sem objetivo comum, continuariam nutrindo rivalidades regionais sem sentido.

Como acordo de livre comércio, o Mercosul é um sucesso, pois gerou intercâmbio considerável entre os países membros e associados.

Mas como instrumento de integração econômica do Cone Sul ainda há um longo caminho a percorrer, até porque os países membros do Mercosul têm de concluir processos de ajustes internos que lhes permitam, mais adiantam, ter políticas articuladas.

Por exemplo: os regimes de câmbio hoje são diferenciados, e as moedas de cada país membro têm trajetórias às vezes muito distintas uma das outras, causando desequilíbrios que afetam a competitividade das empresas. Dessa forma, no lugar de complementaridade do sistema produtivo, capaz de proporcionar ganhos de escala para a conquista de terceiros mercados, a competição se acirra dentro do próprio bloco, gerando atritos.

Como superar essa dificuldade? No futuro, os bancos centrais do Mercosul precisarão ter ação mais coordenada. Sistemas tributários terão de ser ajustados. E os mercados de crédito não poderão se limitar às fronteiras nacionais.

São avanços que exigem tempo e amadurecimento político. Pelos passos já dados, o Mercosul está predestinado a avançar, e não voltar atrás.