Título: O parto da reforma
Autor: Tereza Cruvinel
Fonte: O Globo, 23/06/2005, O Globo, p. 2

O projeto aprovado pela comissão especial da reforma política, que teve como relator o deputado Ronaldo Caiado e como presidente Alexandre Costa, era mesmo muito melhor do que o produzido pela Comissão de Constituição e Justiça (parecer Rubens Otoni, que praticamente acabava com a cláusula de barreira). Como diz o presidente da CCJ, Antonio Carlos Biscaia, a prevalecer o texto aprovado, "a crise terá sido parteira de pelo menos um bom avanço".

Agora é com o plenário, onde alguns partidos são contra, mas não estão em condições de resistir. Os mais refratários são PTB, PP e PL, exatamente os que são acusados de receber mensalão. O PT e a oposição terão que se entender, passando por cima da briga do momento. O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti, que era contra, rendeu-se. Votada a medida provisória que tranca a pauta, promete levar os primeiros projetos à votação na semana que vem. Veremos.

Contra o financiamento público de campanhas, voltará a ladainha de que é um absurdo financiar políticos com dinheiro dos nossos impostos. Mas o financiamento já é feito com dinheiro público e sai muito mais caro. É o que revelam as denúncias, do passado e de hoje, de que os partidos transformam os órgãos públicos que ocupam em fontes de dinheiro para suas caixinhas eleitorais. Sairá mais barato e mais transparente. Já o voto em lista fechada precisa ser pelo menos testado como alternativa ao voto em candidatos que se tornam donos do mandato e fazem dele uma mercadoria. E não dá mais para esperar 2010, como vai querer o plenário.