Título: MP VAI INVESTIGAR DENÚNCIAS DO 'MENSALINHO'
Autor: Alan Gripp
Fonte: O Globo, 23/06/2005, O País, p. 8

Promotor quer saber se Jefferson tem indícios contra Alerj

O Ministério Público do Rio abriu ontem inquérito para investigar as denúncias do deputado federal Roberto Jefferson (PTB) de que o mensalão foi concebido na Assembléia Legislativa do Rio (Alerj). Jefferson acusou o presidente regional do PL, Carlos Rodrigues, de ser o responsável por operar o suposto esquema, apelidado pelos deputados estaduais de "mensalinho" e de exportá-lo em seguida para o Congresso Nacional. Segundo Jefferson, as mesadas foram pagas em legislaturas anteriores à atual.

A investigação foi aberta pelo promotor Cláudio Henrique da Cruz Viana, da 2ºª Promotoria de Justiça da Cidadania, com base em entrevistas concedidas por Jefferson. Na primeira fase da apuração, ele vai ouvir Jefferson e Rodrigues. Como eles têm foro privilegiado, poderão escolher data, hora e lugar dos depoimentos. Se apontarem indícios da existência do pagamento de mesadas a deputados estaduais, a investigação será ampliada. Caso contrário, será arquivada.

- Se ele (Jefferson) declarou publicamente que havia um esquema de corrupção, é possível que tenha mais indicações que podem necessitar de uma apuração mais profunda. Por isso, é papel do Ministério Público investigar o caso - explicou Viana.

Sérgio Cabral Filho nega esquema em sua gestão

Oficialmente, nenhum deputado estadual confirmou ter recebido proposta de dinheiro em troca de votos. As declarações de Jefferson reacenderam as acusações, nunca provadas, de que empresas de ônibus do estado pagariam uma caixinha mensal a parlamentares. E dividiram as opiniões entre os deputados que defendem uma investigação e os que acham que as denúncias sem provas do petebista não merecem crédito.

Em entrevista ontem à rádio CBN, o ex-presidente da Alerj Sérgio Cabral Filho afirmou que não houve mensalão na Casa durante os oito anos de sua gestão, de 1995 a 2003. O senador disse que os boatos sobre pagamento de propina a deputados por empresários de ônibus também são infundados. Segundo ele, durante sua gestão foram aprovados diversos projetos que contrariam os interesses do setor.