Título: LULA FARÁ PRONUNCIAMENTO EM CADEIA DE RÁDIO E TV SOBRE A CRISE POLÍTICA
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 23/06/2005, O País, p. 11

Presidente cancela visita ao Rio para discutir reforma ministerial e gravar

BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou o dia ontem reunido com ministros e assessores para decidir o tom do pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV que decidiu fazer. De manhã, reuniu-se com o publicitário Duda Mendonça e com os ministros Luiz Gushiken (Secretaria de Comunicação de Governo) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e concluiu que é preciso explicar melhor à opinião pública que o governo não é conivente que a corrupção.

Lula cancelou sua ida hoje a Duque de Caxias e à cidade do Rio de Janeiro, onde teria agenda o dia todo, para se dedicar às negociações da reforma ministerial e à gravação do pronunciamento, que deverá ser veiculado hoje à noite.

Na terça, discurso em Goiás sobre crise foi de 50 minutos

Lula pretende falar das ações do governo em defesa da transparência e do combate à corrupção, e também fazer uma prestação de contas dos dois anos e meio de governo, ressaltando avanços na economia. A equipe de gravação passou a tarde no Planalto.

Apesar de já ter falado anteontem por 50 minutos sobre a crise, quando afirmou que "ninguém tem mais autoridade do que eu para combater a corrupção", Lula avaliou ontem que só ele é capaz de estancar eventuais desgastes junto à sociedade devido à crise e às denúncias envolvendo órgãos do governo e integrantes do PT.

Lula vai falar das investigações da Controladoria Geral da União (CGU), inclusive na apuração das denúncias dos Correios, e da Polícia Federal. Deverá dizer que em dois anos e meio foram presas 1.290 pessoas por investigações do governo. Serão citadas as operações especiais da PF.

Lula quer ainda decidir e anunciar hoje o papel da articulação política. O ministro Jaques Wagner deve ser confirmado como articulador político. O mais provável é a extinção do Ministério da Coordenação Política, hoje comandado por Aldo Rebelo, que voltará à Câmara. As funções iriam para a Casa Civil.