Título: TÊXTIL E CALÇADOS DEVEM SER OS PRIMEIROS SETORES DA LISTA
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 23/06/2005, Economia, p. 25

Brinquedos, ferramentas e material ótico e de áudio também podem apelar ao governo reclamando danos

SÃO PAULO. A expectativa do governo é que os setores têxtil e de vestuário e de calçados esportivos sejam os primeiros a apresentar um pedido formal para a aplicação de salvaguardas contra a importação de produtos da China. Outros segmentos que também já começaram a se movimentar são os de ferramentas, brinquedos, peças para bicicletas e produtos óticos e de áudio.

- Alguns setores já têm comprovado danos. Mas antes de qualquer medida, os governos e as empresas envolvidas tentarão negociar acordos - disse o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, que participou de seminário em São Paulo.

Presente no mesmo evento, o presidente da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), Roberto Chadad, afirmou que a aplicação de salvaguardas representaria um "sinal vermelho".

A Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abiçaldos) também confirma que vai levar o pedido ao governo. Em 2000, a China respondia por 43% das importações de calçados no Brasil. Esse número pulou para 70% em 2004 e, nos cinco primeiros meses deste ano, chegou a 73%.

Defensora de primeira hora da aplicação de salvaguardas, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgou estudo mostrando que o Brasil vem "acumulando desvantagens e perdas" na sua relação comercial com a China. Pelo estudo, o saldo favorável ao Brasil caiu de US$1,7 bilhão de junho de 2003 a maio de 2004 para US$506 milhões de junho de 2004 a maio deste ano. Quem mais perdeu terreno foi o setor industrial, que passou de superávit de US$905 milhões para déficit de US$1,3 bilhão no período.