Título: TÍTULO DO BRASIL SE APROXIMA DE NÍVEL HISTÓRICO NO EXTERIOR
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 23/06/2005, Economia, p. 27
Global 40 chegou a ser negociado a 120% do valor de face
A queda na rentabilidade dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos e a ampla liquidez internacional fizeram ontem o principal título da dívida externa brasileira, o Global 40, ser negociado a 120% do valor de face, pela primeira vez na História. O recorde histórico, registrado no início de junho, é de 119,85% do valor de face. No fim do dia, o papel recuou para 119,65%, uma alta de 0,11% em relação à véspera.
Entre os países emergentes, o Brasil oferece uma das mais altas taxas de retorno aos investidores globais: em média, de 8,2% ao ano, ante pouco menos de 4% dos títulos americanos. Os ganhos, aliados à forte liquidez global, têm atraído cada vez mais aplicadores para os papéis do país.
- A vantagem do Brasil é que ainda tem uma taxa de risco alta, ou seja, oferece ganhos elevados aos investidores, num cenário de estabilidade e crescimento econômico, balança comercial favorável e sólidas perspectivas de pagamento da dívida. Esse conjunto de fatores não é encontrado em outros emergentes e, somado à elevada liquidez dos títulos brasileiros, que facilita a compra e venda em caso de uma inversão de cenário, acaba atraindo um grande número de investidores - avalia Sandra Utsumi, economista-chefe do BES Investimento.
Os títulos da Argentina, por exemplo, pagam quase 13% ao ano, mas o país que saiu recentemente de uma moratória não é atraente para os aplicadores. Equador, Nigéria e Venezuela têm taxas de retorno superiores às do Brasil - na média, de 11,5% a 8,5% - mas, segundo Utsumi, não têm um quadro econômico tão favorável quanto o nosso, que inspire confiança nos investidores:
- Eles, claro, não estão dispostos a correr todo e qualquer risco para conseguir uma rentabilidade maior. E o Brasil oferece um risco suportável, devido ao cenário econômico.
Dólar encosta em nova mínima, mas fecha em alta
Apesar da valorização do título brasileiro, o risco-país - que mostra a diferença entre a taxa paga pelos papéis brasileiros e pelos títulos do Tesouro dos EUA - subiu 2,44% ontem, para 420 pontos. A ligeira alta dos títulos brasileiros não conseguiu compensar a forte queda de rentabilidade dos papéis americanos. No papel americano com vencimento em cinco anos, por exemplo, a rentabilidade caiu 2,87%, de 3,83% para 3,72% ao ano.
No mercado de câmbio, o dólar chegou a valer R$2,362 durante o dia - o que seria a nova mínima do ano - mas as tesourarias de bancos aproveitaram a cotação mais baixa para antecipar operações e a moeda fechou em alta de 0,42%, a R$2,284 para venda. A Bolsa caiu 0,17%.