Título: EMPRESÁRIO DIZ TER ENCOMENDADO FITA PARA INCRIMINAR CHEFE DOS CORREIOS
Autor: Adriana Vasconcelos e Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 24/06/2005, O País, p. 12

'Objetivo era dar um basta no que estava acontecendo', afirma Waschek

BRASÍLIA. O empresário Arthur Waschek assumiu ontem na CPI dos Correios que pagou mais de R$10 mil para provar que o ex-chefe do Departamento de Contratações Maurício Marinho cobrava propina para beneficiar negócios de empresas na estatal, sem imaginar que isso se transformaria num escândalo nacional.

- Da minha parte não houve motivação política. Meu objetivo era dar um basta no que estava acontecendo nos Correios. Foi uma decisão difícil mandar fazer a gravação. Foi uma manobra radical, que não pretendo repetir. Para mim, foi um péssimo negócio tudo que aconteceu. Há 20 dias estou fora da minha empresa, estou estremecido com meu sócio. Foi um tiro em mim mesmo.

Empresário diz que Jefferson sabia da fita

Durante seis horas de depoimento, Waschek disse que não agiu por motivação política, mas por estar se sentindo discriminado na estatal. Entre as empresas protegidas por Marinho, disse, estaria a produtora de calçados gaúcha Protelyne, que teria como advogado o ex-candidato à Presidência Antônio Pedreira. A empresa, segundo ele, dizia ter o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, como padrinho. Washeck disse acreditar que Rigotto não sabia disso.

Em depoimento seguinte ao de Waschek, seu sócio na Coman, Antonio Velasco, disse que foi surpreendido pela existência da fita. Ele admitiu que foram retirados da empresa R$27 mil há 30 dias "a título de um empréstimo" para o consultor Arlindo Molina. E que foram dados outros R$3 mil ao advogado Joel dos Santos Filho, que montou a operação para gravar o vídeo.

Molina, segundo Waschek, teria procurado Jefferson para mostrar a fita que incriminaria Marinho. Petistas que integram a CPI suspeitam que Waschek e seu grupo estivessem tentando chantagear Jefferson para tirar Marinho dos Correios e se beneficiar em licitações.

Ao contrário do que Marinho afirmara na véspera, o empresário disse que quase todos as licitações eram coordenadas pelo Departamento de Contratações. Segundo ele, as fraudes e o pagamento de propina aconteciam durante a execução do contrato.

Legenda da foto: WASCHEK durante o depoimento: "Foi um tiro em mim mesmo"