Título: MINISTÉRIO PÚBLICO DE GOIÁS FAZ DEVASSA NO PATRIMÔNIO DA FAMÍLIA DE DELÚBIO
Autor: Luiz Fernando Rocha e Rafael Gomes
Fonte: O Globo, 24/06/2005, O País, p. 13

Entre os bens, tesoureiro do PT comprou carro de R$79 mil em março

BRASÍLIA. O Ministério Público de Goiás está fazendo uma devassa no patrimônio da família do tesoureiro do PT, Delúbio Soares. O levantamento, iniciado esta semana é parte do inquérito que investiga suposto enriquecimento ilícito do petista. Pela frente, os promotores encontrarão um carro de luxo comprado em março pelo petista.

Trata-se de um Toyota Corolla, ano 2005/2005, modelo top de linha, que nas concessionárias de Brasília é vendido a R$79 mil. Pesquisa feita pelo GLOBO no Detran de Goiás revela que o carro não foi financiado. O veículo foi comprado em 31 de março deste ano na concessionária Saga Motors, no Setor Bueno, em Goiânia.

No dia seguinte, o carro foi registrado no Detran, em nome de Delúbio Soares de Castro. O Corolla prata, modelo SEG18VVTI, é o mais caro da linha. Tem computador de bordo, piloto automático, bancos de couro e toca-CD para seis discos. O carro, de motor 1.8 e 16 válvulas, possui ainda um sistema inteligente destinado a economizar gasolina.

Nas últimas semanas, o Corolla de Delúbio, coberto por uma capa, podia ser visto na garagem da modesta casa da irmã do petista, no Setor Coimbra de Goiânia. Delúbio foi procurado pelo GLOBO, mas não retornou a ligação.

Delúbio recebia salário de professor sem dar aulas

A investigação foi iniciada a partir da constatação de que Delúbio vinha recebendo salário de professor da rede estadual de ensino mesmo estando afastado das salas de aula há mais de dez anos.

A promotoria está de olho nas fazendas da família de Delúbio na cidade-natal do petista, a pequena Buriti Alegre, no sudeste goiano. Anteontem, o pai de Delúbio, Antônio Soares de Castro, foi interrogado pelo Ministério Público. Foi ouvido por mais de uma hora pelo promotor Fernando Krebs.

Como O GLOBO revelou em agosto de 2004, as terras da família do petista dobraram de tamanho desde 2003. À época, a comerciante Divina Inácio Naves - que vendera três propriedades para o pai de Delúbio - declarou que o pagamento fora feito pelo próprio petista, "em dinheiro vivo, porque cheque não podia aparecer". As fazendas foram registradas em cartório com valor abaixo do preço de mercado, estimado em R$800 mil.

Um eventual pedido de bloqueio de bens de Delúbio está entre as alternativas do Ministério Público para garantir que ele devolva os salários, caso fique comprovado que os pagamentos que recebeu foram irregulares. Considerando que o petista está há mais de dez anos afastado da função de professor, o valor a ser devolvido pode chegar perto de R$150 mil.