Título: BRASILEIRO BALEADO NO HAITI
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 24/06/2005, O Mundo, p. 30

Tenente da força da ONU voltava de missão em favela, foi atingido no ombro e operado Baleado anteontem durante missão no Haiti, o primeiro-tenente do Exército Nelson Dias Leoni passou por duas cirurgias e não corre risco de vida, informou a assessoria de comunicação do batalhão brasileiro na Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (Minustah). Leoni está na República Dominicana e passa bem. Ontem, ele estava consciente e, do hospital, enviou mensagens a seus colegas no Haiti. - Ele só não falou porque o telefone não chegava até a cama, mas mandou dizer que está otimista. Fiquei mais aliviado - contou, por telefone, o tenente-coronel Jorge Smicelato, que integra o batalhão brasileiro em Porto Príncipe. Leoni foi atingido no ombro esquerdo quando voltava de uma operação de patrulhamento no bairro de Cité Soleil, uma grande favela em Porto Príncipe, capital do Haiti. O tiro perfurou o ombro e saiu pela axila. O primeiro-tenente estava com cerca de 20 militares brasileiros, que reagiram. Os agressores, porém, não foram identificados. O disparos contra a tropa da Minustah partiram de um bairro vizinho, fora da área sob responsabilidade do batalhão brasileiro. Leoni passou por uma rápida cirurgia em Porto Príncipe, no hospital militar do batalhão argentino, classificado como de nível dois na capacidade de atendimento, que vai até quatro. De lá, ele foi levado para a República Dominicana, onde foi operado num hospital de nível três. Militar ferido voltará para o Brasil O primeiro-tenente chegou a Porto Príncipe este mês. Ele faz parte do terceiro contingente de 1.200 militares brasileiros a desembarcar no Haiti. Cada grupo permanece seis meses na Minustah. No Brasil, Leoni servia no 26º Batalhão de Infantaria Pára-Quedista no Rio de Janeiro. O Brasil comanda a missão de paz da ONU, iniciada no ano passado e anteontem prorrogada por mais nove meses. Segundo a assessoria de comunicação do batalhão brasileiro, o tenente ficará sob observação na República Dominicana nos próximos três dias. Depois voltará ao Brasil para avaliar seu estado de saúde. Em abril, outro oficial brasileiro foi ferido durante patrulha no bairro de Bel Air, onde há resistência armada à presença das forças militares estrangeiras. O primeiro-tenente brasileiro Alexandre Martins Borges Campos foi atingido no antebraço esquerdo por estilhaços de um tiro de revólver. O general Augusto Heleno Ribeiro, comandante da Minustah, disse que o Haiti vive hoje uma situação mais tranqüila do que um ano atrás, à exceção de Porto Príncipe, onde a violência se concentra nas favelas. Segundo o general, há ações de cunho político, da parte de seguidores do presidente deposto Jean-Bertrand Aristide. Outras são simplesmente criminosas. - Com 80% da população desempregados, o modo de sobreviver é entrar na criminalidade - disse Augusto Heleno ao GLOBO, por telefone. Na noite de anteontem, um tiroteio ocorreu próximo ao palácio presidencial quando o presidente interino Boniface Alexander discursava numa cerimônia de nomeação de quatro novos membros do Gabinete. Legenda da foto: ÉRICA LEONI, diante de um pôster dela e do marido