Título: Lula estende a mão ao PMDB
Autor: Lydia Medeiros/Adriana Vasconcelos e Jailton de C.
Fonte: O Globo, 25/06/2005, O País, p. 3

Presidente oferece quatro ministérios ao partido com porteira fechada; Meirelles e Jucá devem sair Acrise política levou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a escancarar as portas do governo ao PMDB. Lula pretende atrair as duas alas do partido, divididas entre apoiar ou não o governo. Ele propôs ontem, num almoço com representantes das duas alas, um pacto pela governabilidade, com a promessa de ampliar para pelo menos quatro pastas importantes o espaço do PMDB na Esplanada dos Ministérios ¿ o partido hoje tem duas. Na reforma ministerial que deverá ser concluída semana que vem, deverão sair do governo todos os ministros que pretendem disputar governos estaduais, inclusive o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles ¿ possível candidato ao governo de Goiás. Segundo fonte do governo, Lula já decidiu pela saída de Meirelles, que deverá ser substituído pelo secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal. Pelo critério de excluir quem disputará eleição, está certa ainda a saída de Romero Jucá do Ministério da Previdência. Jucá e Meirelles foram denunciados ao Supremo Tribunal Federal pelo procurador-geral da República, Cláudio Fonteles. Nas negociações com o PMDB, Lula mostrou disposição de atender outras duas reivindicações do partido: os ministros terão controle sobre os cargos ¿ a chamada porteira fechada, quando o partido nomeia o ministro e tem liberdade para nomear outros cargos da pasta ¿ e o partido será integrado ao núcleo de coordenação política. Na conversa, Lula admitiu que errou ao permitir uma composição eclética (de vários partidos) nos ministérios e nas estatais, dando margem a disputas de poder internas: ¿ Estou aberto a alternativas. Cada partido tem sua pasta e será cobrado por atitudes e eficiência ¿ disse. Quem vai disputar eleição terá de sair Segundo o ministro da Educação, o petista Tarso Genro, após encontro ontem com Lula, a reforma ministerial poderá ser maior do que a prevista. Ele disse que o presidente quer trocar agora e não mudar mais até o fim do mandato: ¿ O que o presidente tem colocado é que ele não quer mais mudar o Ministério daqui por diante. E não querendo mudar o Ministério, certamente tem como conceito que aqueles que vão ficar no governo devem ter o compromisso de permanecer até o fim. Isso significa que todos que vão disputar eleição estão na mira de Lula: Ricardo Berzoini (Trabalho), Humberto Costa (Saúde), Eunício Oliveira (Comunicações), Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia), entre outros. No almoço com o PMDB, do qual participaram Michel Temer (SP), presidente do partido, Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, e o líder do governo Aloizio Mercadante (PT-SP), Lula aprovou a idéia do debate prévio no PMDB como forma de assegurar a unidade. É que o PMDB não quis dar uma resposta imediata. Temer, que era um dos porta-vozes da ala oposicionista, anunciou que fará consultas ao partido, a começar pelos sete governadores, que também terão encontros, em dois blocos, com Lula. ¿ Quero contar com o partido como partido. E com as bancadas ¿ disse Lula. O presidente reforçou que a participação do PMDB no governo não implica uma aliança para 2006: ¿ Eleições são outro assunto e não estão em discussão. Não quero protocolo ou acordo sobre isso. Temer deixou o Palácio do Planalto reafirmando sua posição de não participar do governo, mas garantir a sustentação no Congresso. ¿ O presidente não está propondo apenas a ampliação substancial do espaço do PMDB no governo, mas uma participação direta nas decisões, especialmente nas áreas em que o partido vier a comandar. Isso seria uma partilha efetiva de poder ¿ disse. ¿ Ficou subentendido que seriam oferecidos ao PMDB ministérios de razoável potencialidade administrativa. Na segunda-feira, Temer deverá decidir que instância partidária será o fórum para a consulta. É provável que sejam ouvidas as bancadas da Câmara e do Senado e a executiva nacional. Lula tem pressa, mas a reforma só deve sair no fim da próxima semana. Ontem, o presidente do PT, José Genoino, defendeu a saída de petistas que vão disputar as eleições. Para ele, Lula está certo ao decidir por uma reforma que valha até o fim de seu mandato, para que não seja obrigado a fazer novas mudanças ano que vem. Genoino evitou falar da saída de ministros de outros partidos: ¿ O PT tem que dar o exemplo. COLABORARAM: Mônica Tavares e Gerson Camarotti PROCURADOR-GERAL PEDE QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO DO PRESIDENTE DO BC na página 28