Título: CÂMARA ABRE TRIBUNA PARA SUSPEITO DE TORTURA
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Fonte: O Globo, 25/06/2005, O País, p. 8
Coronel Lício contou como prendeu Genoino e relatou ter participado de crimes no Araguaia BRASÍLIA. A Câmara abriu espaço ontem, em sessão solene em homenagem aos militares mortos no Araguaia, transmitida ao vivo pela TV Câmara, para o coronel Lício Augusto, chefe do grupo de combate do Exército que desmontou a guerrilha na região durante a ditadura e suspeito de participar de sessões em que foi torturado o presidente do PT, José Genoino. Ele discursou da tribuna do plenário por quase uma hora, para uma platéia de militares e mulheres de militares. Havia apenas três deputados em plenário. O coronel fez um relato frio sobre como prendeu Genoino e participou do assassinato de três guerrilheiros conhecidos como André Grabois, Nunes e Lúcia Maria de Souza. A sessão foi convocada pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Em tom teatral, discursava olhando para a câmera, como se estivesse falando diretamente para Genoino. ¿ Genoino, olhe no meu olho, você está me vendo. Eu prendi você na mata e não toquei num fio de cabelo seu. Não lhe demos uma ¿facãozada¿, não lhe demos uma bolacha, coisa de que me arrependo hoje ¿ disse o coronel. Lício citou nomes de dois cabos do Exército mortos no Araguaia (cabo Odílio e cabo Cruz Rosa) e disse que outros dois sargentos também foram mortos. Citou também os nomes de feridos, inclusive ele, que levou um tiro de Lúcia ¿ que tinha sido ferida por ele na perna.