Título: MAIS INDÚSTRIAS INVESTEM EM INOVAÇÃO
Autor: Flávia Oliveira
Fonte: O Globo, 25/06/2005, Economia, p. 28

Proporção de empresas passou de 31,5% para 33,3% desde 2000, diz IBGE A inovação tecnológica entrou definitivamente na agenda das indústrias brasileiras. É o que sugere o resultado da Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica (Pintec), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre 2000 e 2003, aumentou de 31,5% para 33,3% a proporção de empresas que implementaram esforços de inovação em processos e/ou produtos. O resultado é superior ao da Espanha, onde a proporção caiu de 34,8% para 24,7% no mesmo período. Os programas de inovação se acentuaram especialmente nos empreendimentos de pequeno porte, com dez a 49 funcionários. Nessas indústrias, a proporção passou de 26,6% para 31,1% de 2000 a 2003. Já nas grandes, com 500 ou mais funcionários, o índice recuou de 75,7% para 72,5%. ¿ A pesquisa mostra uma disseminação da cultura de inovação pelas pequenas empresas ¿ atesta Mariana Rebouças, coordenadora da Pintec. A destinação de recursos aos projetos de inovação tecnológica, entretanto, caiu entre uma pesquisa e outra. Em 2000, os gastos para introdução de novos processos ou produtos tecnologicamente mais avançados consumiam 3,84% do faturamento das 72 mil indústrias investigadas pelo IBGE. Três anos depois, a proporção caiu para 2,46% das receitas das 84,3 mil indústrias com, pelo menos, dez empregados. Na Espanha, o percentual está em 1,5% e na Itália, em 2,3% (o IBGE não tem dados de outros países para 2003). Gasto com inovação caiu com a conjuntura negativa A queda, para o IBGE, pode estar relacionada à conjuntura econômica no período de apuração de cada Pintec. Em 2000, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,4% e a produção industrial, 4,8%, as maiores taxas desde o biênio 1993-94. Já em 2003, PIB (0,5%) e indústria (0,1%) ficaram estagnados. ¿ Em 2003, as estratégias foram defensivas, cautelosas. As empresas gastaram menos com inovação, concentraram-se em projetos desenvolvidos internamente e reduziram ações de cooperação e projetos mais caros ¿ explica Mariana. ¿ Mesmo no cenário adverso, mais empresas inovaram (foram 28 mil em 2003, contra 22 mil no levantamento anterior). A coordenadora chama a atenção para o número de indústrias (934) com ¿trajetória tecnológica robusta¿ ¿ ou seja, que têm áreas organizadas de pesquisa e desenvolvimento (P&D). E lembra que 177 companhias desenvolveram ações de inovação voltadas aos mercados interno e externo. Algumas das tecnologias que se destacam são os aviões de 75 lugares da Embraer, os carros bicombustíveis, as barras de cereais salgadas e as bombas silenciosas. A Pintec também investigou os impactos dos investimentos em inovação. Os cinco mais citados foram: melhoria na qualidade dos produtos (63%); manutenção (61%) e ampliação (53%) da participação no mercado; aumento da capacidade produtiva (52%); e maior flexibilidade na produção (43%). Os efeitos sobre as receitas também são favoráveis, com produtos novos aumentando participação no faturamento. Para 38,4% das indústrias, as novas linhas já representam mais de 40% das receitas, contra 29,9% em 2000. Nas de menor porte, a proporção passou de 33% para 29,9%. A pesquisa mostrou ainda que só cinco mil indústrias (18,7%) receberam apoio do governo. Na análise regional, São Paulo detém um terço das empresas e 52% dos gastos com inovação. O Rio fica com 5% e 8%, respectivamente. Tanto a taxa de inovação (de 26% para 25%) quanto os gastos (de 2,4% para 1,3% das receitas) caíram na indústria fluminense entre 2000 e 2003.