Título: PSDB QUER BENS DE VALÉRIO INDISPONÍVEIS
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 28/06/2005, O País, p. 8

BRASÍLIA. O PSDB pediu ontem ao Ministério Público Federal e pretende apresentar requerimento hoje na CPI dos Correios para tentar decretar a indisponibilidade dos bens do publicitário Marcos Valério, acusado de ser o operador do suposto esquema do mensalão. A indisponibilidade dos bens só pode ser decretada pela Justiça.

O partido pretende pedir à CPI que solicite a suspensão dos repasses feitos a duas agências do publicitário, a SMP&B Publicidade e a DNA Propaganda, que atendem aos Correios, ao Banco do Brasil, à Eletronorte, aos ministérios do Trabalho e dos Esportes e à Câmara dos Deputados.

E também deve apresentar um requerimento para a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico do publicitário. O vice-líder do PSDB na Câmara, Eduardo Paes (RJ), admite que a medida foge ao padrão adotado pela oposição na CPI até agora. Ele argumenta, entretanto, que os indícios da participação de Valério são grandes após a descoberta dos saques feitos pelas suas empresas no Banco Rural e no Banco do Brasil.

Segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a SMP&B fez retiradas de R$21,7 milhões, sendo R$16,5 milhões em dinheiro, entre julho de 2003 e maio de 2005. A DNA, movimentou R$5,3 milhões entre agosto de 2003 e setembro de 2004. Do total, R$4,4 milhões foram sacados em dinheiro.

¿ O procedimento é diferente para Marcos Valério porque os indícios contra ele são muito contundentes. Com as informações do Coaf, no caso dele, já dá para avançar na quebra de sigilo ¿ afirmou o tucano.

O PSDB pretende apresentar requerimentos na CPI também para que sejam convocados os gerentes das agências do Banco Rural, onde teriam sido feitos os saques, e solicitados os horários e itinerários dos vôos feitos pelos aviões do banco. Segundo o depoimento da ex-secretaria de Valério na Polícia Federal, o publicitário e seus sócios usaram um avião do banco em um viagem. Fernanda Karina Somaggio não soube informar o destino da viagem.

No depoimento, a secretaria disse ainda que Valério e a gerente da SMP&B, Simone Vasconcelos, costumavam viajar à Brasília, onde se hospedavam no hotel Gran Bittar. Pelo relato, Simone seria responsável pelo pagamento dos parlamentares aos quais seria destinado o mensalão. (Bernardo de la Peña)