Título: MARINHO RECEBEU SUBORNO, DIZ ADVOGADO NA CPI
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Fonte: O Globo, 29/06/2005, O País, p. 10 e 11

Autor da gravação desmente versão do ex-chefe dos Correios

BRASÍLIA. Em depoimento ontem à CPI dos Correios, o advogado Joel Santos confirmou ter sido o autor da gravação que flagrou Maurício Marinho, funcionário da estatal, recebendo R$3 mil de propina em nome do PTB. Joel disse que fez isso para ajudar o empresário Artur Wascheck Neto, seu amigo desde 1992 e dono da Coman, empresa que estaria sendo prejudicada nas licitações dos Correios pelas ações ilícitas de Marinho. O advogado desmentiu a versão dada semana passada por Marinho, que alegou ter recebido um adiantamento de uma consultoria e não suborno para favorecer a suposta empresa de Joel.

¿ Não falamos de consultoria. Ao marcar nosso último encontro pelo telefone, adiantei a Marinho que lhe pagaria R$15 mil para que nos abrisse as portas nas licitações dos Correios e avisei que daria R$3 mil de adiantamento. A idéia foi minha de dar o dinheiro ¿ disse Joel.

No depoimento de quase cinco horas, Joel entrou várias vezes em contradição com o que havia dito à Polícia Federal e deu diferentes versões para sua relação com Wascheck. Foi chamado de mentiroso pelos integrantes da CPI.

Jefferson: uma reunião por mês para prestação de contas

Nervoso, Joel disse que tomou ¿um calmantezinho¿ antes do depoimento. Ele confirmou que Marinho citou a participação de Roberto Jefferson no esquema de corrupção na estatal nas três gravações feitas por ele. Segundo Joel, Marinho informou que o deputado promovia uma reunião por mês para fazer prestação de contas com o PTB.

O advogado contou que teria feito pelo menos três gravações, e disse que resistiu em fazer a terceira gravação, por considerar a segunda satisfatória. Diante da insistência de Wascheck, ele teria convidado um amigo de Curitiba, João Carlos Mancuso, para acompanhá-lo no último encontro com Marinho.

A presença do sócio de Wascheck, Antonio Velasco, na sala da CPI no depoimento de Joel causou surpresa. Pouco antes de Velasco ser reconhecido por jornalistas, Joel afirmara que ele não havia sido informado da gravação previamente. Para o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), a presença de Velasco poderia ser intimidatória.

Jairo Martins seria ouvido ontem também, mas não apareceu: enviou um fax à CPI alegando não ter recebido qualquer ¿intimação pessoal¿.