Título: PMDB se recusa a marchar unido para governo
Autor: Ilimar Franco
Fonte: O Globo, 29/06/2005, O País, p. 14

Após reunião, ficou decidido que ala governista do partido não será impedida de ocupar mais dois ministérios BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não terá o apoio de todo o PMDB mesmo que amplie a participação do partido no governo. Esta é a conclusão a que chegou o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), depois de ouvir os sete governadores do partido e participar de uma tensa reunião da bancada do partido na Câmara. Ficou claro que os deputados estão divididos, mas também ficou estabelecido que a ala governista não será impedida de ocupar outros dois ministérios no governo. Temer pretende levar esta posição para o presidente Lula ainda esta semana, que decidirá se quer dar mais pastas para o PMDB assim mesmo. Apesar do pedido de dez diretórios regionais para que seja feita uma convenção em 10 de julho, Temer reluta em convocá-la para não agravar ainda mais a divisão interna do partido. ¿ Não vou esperar por uma convenção. Quero conversar com o presidente esta semana para dizer que não há clima para levar o partido por inteiro para o governo. Depois ele decide o que fazer ¿ disse Temer. Aliados de Garotinho pedem expulsão de governistas A maioria dos governistas preferiu não participar da reunião da bancada, optando por assinar nota de apoio à governabilidade redigida pelo líder da bancada José Borba (PMDB-PR), com a assinatura de 55 dos 85 deputados peemedebistas. Mas como na nota assinada na véspera por 20 senadores, não há citação à palavra cargos. Os integrantes da ala de oposição estavam em peso. Os aliados do ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, filiados há um ano no PMDB, exigiam a expulsão dos peemedebistas que continuassem participando do governo. O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS), que defende a candidatura do governador Germano Rigotto à Presidência da República, acusou os senadores do PMDB de se comportarem como uma mercadoria, por terem no dia anterior se manifestado a favor da ampliação da participação do partido no governo. ¿O PMDB continua no governo,¿ diz Jader A estratégia dos oposicionistas foi desmontada pelo presidente da Comissão de Finanças e Tributação, Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). ¿ Neste partido não se respeita a vontade da maioria. Um seguimento quer cargos no governo, outro não quer. O presidente vai dar mais ministérios ao PMDB como fez antes. Só tem que avisar ao presidente que ele vai pagar mais pelo mesmo ¿ disse Geddel. No fim da reunião, o presidente da Comissão de Ciência e Tecnologia e Comunicações, deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), sugeriu a Temer que desistisse de realizar nova convenção e que desse liberdade para a ala governista se entender com o presidente Lula. ¿ O PMDB continua no governo ¿ disse Jader.