Título: TRÊS MIL TRATORES ENGARRAFAM BRASÍLIA
Autor: Eliane Oliveira e Martha Beck
Fonte: O Globo, 29/06/2005, Economia, p. 25

Produtores rurais pedem mais recursos e têm apoio do ministro Rodrigues

BRASÍLIA. Produtores rurais de todo o país estão, desde ontem, acampados na Esplanada dos Ministérios, com cerca de três mil tratores estacionados ao longo das pistas e pedindo recursos para o setor. O protesto provocou forte congestionamento na capital. Os manifestantes têm a seu favor o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, que negocia com a área econômica mais recursos para o setor. Rodrigues pediu a liberação de mais R$3 bilhões, a prorrogação das dívidas contraídas na época do plantio da safra, que começam a vencer em julho, e a flexibilização das garantias apresentadas pelos produtores nos empréstimos.

¿ Há uma crise real e as queixas dos produtores são procedentes ¿ disse o ministro, lembrando que os recursos viriam do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que já liberou R$1 bilhão para os agricultores gaúchos.

O movimento, chamado ¿tratoraço¿, só pode ser comparado ao ¿caminhonaço¿ dos produtores no fim de 1999, em Brasília. Segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), há cerca de 15 mil pessoas participando. Hoje, os agricultores vão se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Rodrigues, que também se aliou aos parlamentares da bancada ruralista no Congresso, esclareceu que só serão beneficiados os produtores que estavam em dia com suas dívidas até dezembro de 2004. No gramado que separa os ministérios da Fazenda e da Agricultura, os produtores exibiam faixas como ¿Palocci e Lula são as pragas da agricultura¿ e ¿Tem dinheiro para o mensalão, mas não tem para a produção¿.

Dados do Ministério da Agricultura mostram que, somente este ano, foram liberados R$3,5 bilhões para os agricultores. Mas técnicos do ministério afirmam que, devido à redução de 19 milhões de toneladas da safra de grãos, o setor terá uma perda de R$10 bilhões a R$12 bilhões.

¿ Houve o compromisso na liberação de recursos para contratos de opção de compra de algumas mercadorias que têm atualmente seus preços abaixo dos preços mínimos de mercado. Mas não houve avanço na renegociação de dívidas agrícolas ¿ disse o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Murilo Portugal.