Título: AQUECIMENTO GLOBAL PODE CAUSAR NOVOS FENÔMENOS COMO O CATARINA
Autor: Leonardo Valente
Fonte: O Globo, 28/06/2005, O Mundo /Ciencia e Vida, p. 28

Cientistas se reúnem para debater causas do evento que atingiu o Sul do país

O fenômeno Catarina ¿ que atingiu o litoral de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul em março de 2004, matou pelo menos três pessoas e provocou estragos estimados em R$1 bilhão ¿ pode ter sido provocado pelo aquecimento global. Essa é uma das teorias que serão apresentadas num encontro de especialistas do Brasil e do exterior sobre o fenômeno, cuja definição ¿ furacão, ciclone tropical ou ciclone extratropical ¿ ainda é motivo de polêmica.

Evento vai ter apresentação de estudos comparativos

O evento, que acontece hoje e amanhã no auditório do Laboratório de Integração e Testes (LIT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em São José dos Campos, terá a apresentação de estudos comparativos do Catarina com outros furacões e ciclones, e debaterá também a possibilidade de ocorrência de novos fenômenos como este.

O pesquisador do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) José Antonio Marengo vai falar sobre a hipótese de o aquecimento global estar por trás deste tipo de fenômeno meteorológico:

¿ O aquecimento global pode estar fazendo com que eventos extremos, como o Catarina, aconteçam com mais freqüência. No entanto, é difícil fazer estudos precisos sobre novas ocorrências, pela falta de um histórico desses eventos na região.

O aumento da temperatura global, segundo ele, faria com que eventos antes mais freqüentes e menos intensos como os ciclones típicos do Sul dessem lugar a eventos mais raros, porém extremos, como o Catarina.

¿ Neste evento os pesquisadores terão a oportunidade de discutirem essa e outras hipóteses, e de mostrarem experiências e modelos ¿ disse o pesquisador.

Entre os convidados estão o pesquisador americano Jack Beven, do Centro Nacional de Furacões da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (Noaa), que irá comparar o Catarina a furacões, e o pesquisador australiano Greg Holland, diretor da Divisão de Meteorologia de Meso e Microescala, do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica, dos EUA, que vai trazer a experiência com os ciclones híbridos, muito comuns na costa da Oceania.