Título: BIS: BRASIL CRESCERÁ 3,6% ESTE ANO
Autor: Enio Vieira
Fonte: O Globo, 28/06/2005, Economia, p. 22

Taxa fica bem abaixo da média de 6,3% prevista para os emergentes

BASILÉIA (SUÍÇA). O Banco de Compensações Internacionais (BIS, o banco central dos bancos centrais) divulgou ontem um relatório em que revela que, de uma lista de oito nações emergentes, o Brasil é o que menos vai crescer este ano: 3,6%. Bem abaixo do crescimento médio de 6,3% previsto pela instituição para os emergentes. Apesar disso, o BIS afirma que é absolutamente essencial que o Brasil mantenha sua atual política econômica.

Em entrevista coletiva na Basiléia, ao fim de um encontro entre os representantes dos bancos centrais mais poderosos do mundo, o diretor-geral do BIS, Malcolm Knight, disse que não comentaria a crise política do Brasil, nem os rumores de que o presidente do BC, Henrique Meirelles, poderia deixar o cargo. Mas foi enfático na recomendação:

¿ É absolutamente essencial que o Brasil, sendo um país altamente endividado, continue no caminho que tem tomado nos últimos anos ¿ disse ele, acrescentando que este caminho se faz por meio da obtenção de um grande superávit primário.

Knight disse é que preciso garantir que o governo gaste menos do que arrecada, descontadas as despesas com juros da dívida. Deve ainda, sugeriu ele, continuar a reduzir o estoque da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) e a reduzir as taxas de juros na economia doméstica, comparativamente ao resto do mundo. Além disso, acrescentou, o Brasil deve continuar a proteger a dívida das flutuações do câmbio, reduzindo o grau de dívida indexada ao dólar.

¿ Esta política tem funcionado com consistência nos últimos anos. Acho que a economia está no caminho certo. A dívida em relação ao PIB foi reduzida significativamente em relação há dois anos ¿ disse Knight.

O BIS prevê uma desaceleração geral no crescimento dos emergentes este ano. O Brasil deverá crescer 3,6% , contra 5,2% em 2004, e a Argentina, 6,8% contra 9,1%. A China fechará o ano com expansão de 8,9%, contra 9,5% em 2004. A Rússia crescerá 5,8% contra 7,1%, e o México, 3,9% contra 4,4%. Já a Índia ficará no mesmo patamar elevado: 7,1%.