Título: PREÇO DO PETRÓLEO SOBE PARA PERTO DOS US$61
Autor: Wagner Gomes
Fonte: O Globo, 28/06/2005, Economia, p. 25

Demanda alta e vitória de conservador iraniano pressionam cotações. No Brasil, dólar cai 0,29% e Bolsa sobe 1,24%

LONDRES e SÃO PAULO. Os preços do petróleo alcançaram ontem um novo recorde histórico, aproximando-se dos US$61 o barril. A insistente demanda mundial, apesar dos altíssimos patamares das cotações, pressionou os preços, disseram operadores. Além disso, a vitória do candidato conservador no Irã, Mahmoud Ahmadinejad, alimentou temores de que o país adote uma nova e mais dura política energética.

Na Bolsa Internacional de Petróleo, em Londres, o barril do petróleo do tipo Brent (referência) chegou a bater um novo recorde, ao ser negociado a US$59,59. No fim do pregão, no entanto, recuou um pouco, fechando a US$59,30, uma alta de 1,6% em relação à cotação da última sexta-feira.

¿ O mercado está testando para ver até que níveis de preços a atual demanda pode suportar ¿ disse Naohiro Niimura, vice-presidente da divisão de produtos derivados do grupo Mizuho Corporate Bank.

Já o barril do cru leve americano para entrega em agosto, na Bolsa Mercantil de Nova York, chegou a ser negociado a US$60,95. No encerramento das negociações, no entanto, fechou com alta de 1,2%, cotado a US$60,54 o barril. Todos os contratos mensais do petróleo americano até outubro de 2006 foram negociados acima dos US$60 o barril. Os contratos para dezembro foram negociados no pico de US$62,35, indicando a projeção de alta do mercado.

No país, mercado ignora alta: bolsa sobe e petróleo cai

No fim de semana, vários presidentes de bancos centrais ¿ reunidos em Basiléia, na Suíça, para a reunião do Banco de Compensações Internacionais (BIS, o banco central dos bancos centrais) ¿ disseram que, embora os preços afetem a economia mundial, o panorama geral se mantém sólido.

¿ A única cura para os altos preços são exatamente os altos preços ¿ disse Nauman Barakat, da Refco, em Nova York. ¿ Ao olhar a demanda mundial, percebe-se que os altos preços tiveram pouco impacto nela.

A vitória do candidato ultraconservador no Irã também afetou o humor dos mercados. Ahmadinejad disse vai erradicar a corrupção no setor petrolífero do país e que favorecerá os investidores domésticos, apesar de os analistas não preverem uma mudança substancial na política de produção do Irã, que pertence à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

No mercado interno, o ingresso de dólares no país conseguiu, mais uma vez, tirar qualquer pessimismo dos investidores em relação à crise política. A moeda americana fechou a quinta-feira em queda de 0,29%, a R$2,375. É a menor cotação desde o dia 30 de abril de 2002, quando fechou em R$2,362. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subiu pelo segundo pregão consecutivo. O Ibovespa fechou em alta de 1,24% e voltou para o patamar de 25 mil pontos (25.225 pontos). O volume financeiro atingiu R$1,063 bilhão.

As denúncias no fim de semana sobre o dinheiro do mensalão deixaram os investidores um pouco desconfiados logo pela manhã e o dólar subiu, atingindo a máxima de R$2,392. Mas a divulgação de mais um superávit na balança comercial brasileira afastou qualquer possibilidade de avanço da moeda americana.

(*) Com agências internacionais