Título: PROJETOS DE INFRA-ESTRUTURA SÓ EM 2007
Autor: Gilberto Scofield
Fonte: O Globo, 26/06/2005, Economia, p. 34

Entendimento entre governos é difícil

BRASÍLIA. A parceria anunciada no fim do ano passado pelos presidentes do Brasil e da China, Luiz Inácio Lula da Silva e Hu Jintao, foi marcada por um acordo ambicioso: em troca da concessão, pelos brasileiros, do status de economia de mercado, os chineses se comprometeram a apoiar a candidatura do Brasil a uma vaga permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas e a abrir seu mercado para produtos e empresas brasileiros.

Na parte comercial, a negociação está para ser concluída - embora tudo que tenha a ver com dinheiro caminhe a passos lentos. Semana que vem, chega ao Brasil uma missão de técnicos do governo chinês, para assinar um acordo de reconhecimento mútuo das regras fitossanitárias. Com o tratado, será permitida a exportação de carnes bovina, suína e de frango.

Também na próxima semana será enviada uma missão de técnicos do Ministério da Agricultura a Pequim. Os chineses querem que o Brasil compre tripas de suínos e carnes processadas de aves e suínos. Mas o governo brasileiro está postergando uma decisão, devido à gripe asiática, que não está sob controle.

- Esperamos chegar em breve a um entendimento, pois já existe alguma exportação de carne in natura e processada para a China, mas em níveis irrisórios - disse Odilson Ribeiro, diretor de Assuntos Sanitários e Fitossanitários da Secretaria de Relações Internacionais do Agronegócio do Ministério da Agricultura.

Quanto às Parcerias Público-Privadas (PPPs) - lei que foi regulamentada em março deste ano e tem o objetivo de estimular investimentos em infra-estrutura - especialistas afirmam que os projetos só deverão mesmo sair do papel em 2007. As obras prioritárias são a construção da ferrovia Norte-Sul; a recuperação da BR-116; o Ferroanel de São Paulo; o trecho ferroviário entre Guarapuava e Ipiranga, no Paraná; e o anel viário do Rio.

Segundo a Companhia Vale do Rio Doce, há acordos em andamento com empresas chinesas, sendo os principais aqueles que envolvem a siderúrgica Baosteel, no Maranhão; a Chalco, que desenvolverá estudos para a construção de uma refinaria no Pará; e a Shandong, criada por meio de uma parceria entre a Vale e a Yankuang International Coking.