Título: GENOINO: 'NÃO CONTROLO A AGENDA DE DIRIGENTES DO PT'
Autor: Demétrio Weber
Fonte: O Globo, 30/06/2005, O País, p. 8

Ao depor na Corregedoria da Câmara, presidente do partido evita defender correligionários

BRASÍLIA. Após depoimento ontem na comissão de sindicância da Corregedoria da Câmara, o presidente do PT, José Genoino, evitou, pela primeira vez nas últimas semanas, defender seus companheiros de partido citados nas denúncias sobre o mensalão. Ele demonstrou irritação e respondeu de forma irônica quando perguntado sobre a coincidência de datas entre os encontros do publicitário Marcos Valério de Souza com o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, e com o secretário-geral do partido, Sílvio Pereira, e o saque de grandes somas em dinheiro.

- Não controlo a agenda de dirigentes do PT, não posso controlar. Controlo a minha agenda política. Não estranho. As investigações é que vão resolver essa questão - disse Genoino, afirmando que teve alguns encontros com Marcos Valério na sede do PT pelo fato de o publicitário ser amigo de Delúbio.

Delúbio, Sílvio e Sereno não aparecem para depor

A comissão de sindicância deveria ouvir ontem Delúbio, Sílvio e Marcelo Sereno (secretário de Comunicação do PT). Mas eles não apareceram, irritando o relator Robson Tuma (PFL-SP), que insinuou que os três estão com receio de depor. O deputado Odair Cunha (PT-MG) disse que eles vão atender ao convite e atribuiu a ausência a um desencontro de agendas.

A comissão ouviu até 21h de ontem oito pessoas e ainda previa o depoimento de Marcos Valério. Outras sete depõem hoje. Além de Genoino, falaram o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, que negou a existência do mensalão, e o deputado Bispo Rodrigues (PL-RJ), que negou conhecer o esquema.

Também depôs o empresário Mauro Dutra, da Novadata - amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que rechaçou a afirmação de que tem facilidades em licitações nos Correios. Ele mostrou resultados de concorrências para provar que, hoje, os contratos da empresa com a estatal não ultrapassam 5% do total gasto pelos Correios.

Já o genro de Roberto Jefferson, Marcos Vinicius Vasconcelos, respondeu às perguntas da comissão monossilabicamente. Quando indagado sobre as irregularidades no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), disse que não responderia. A comissão ouviu ainda a tucana Raquel Teixeira, que confirmou ter recebido do colega Sandro Mabel (PL-GO) proposta de R$1 milhão para deixar o PSDB e ingressar no PL. Também depuseram o ex-diretor dos Correios Antonio Osório e o empresário Antonio Velasco.

Legenda da foto: JOSÉ GENOINO NA comissão, com Robson Tuma e Ciro Nogueira