Título: IGP-M É O MENOR DESDE JUNHO DE 2003: -0,44%
Autor: Cássia Almeida
Fonte: O Globo, 30/06/2005, Economia, p. 26

Queda nos preços de alimentos foi principal causa da deflação. FGV prevê pressão de tarifas para próximos meses

O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) registrou novamente deflação em junho. A taxa de -0,44% corresponde ao dobro da observada em maio, de -0,22%, e é a menor desde junho de 2003, conforme informou ontem a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Essa queda média de preços segurou a taxa acumulada no ano. De janeiro a junho, o índice está em 1,75%. Em 12 meses, se mantém em 7,12%.

- A tendência para os próximos meses é de queda forte. Serão trocadas taxas de 1% por índices negativos - disse Salomão Quadros, coordenador de análises econômicas da FGV.

Os alimentos foram os principais responsáveis pela deflação tanto no atacado quanto no varejo. O Índice de Preços por Atacado (IPA), que responde por 60% do IGP-M, teve redução média de 1%, depois de ter registrado deflação de 0,77% em maio. Caíram tanto os preços dos produtos agrícolas quanto os industriais:

- Mas nos agrícolas, a tendência é de estabilidade ou de alta nas próximas captações - afirmou Quadros.

A desaceleração no Índice de Preços ao Consumidor (IPC), de 1,02% em maio para 0,05% em junho, foi uma das principais causas para a queda mais intensa do IGP-M.

Batata, tomate e cenoura tiveram maiores baixas

Os preços dos alimentos caíram 0,57%, mas o economista da FGV alerta que os itens que determinaram o recuo são muito voláteis, como batata inglesa (-12%), tomate (-9,98%) e cenoura (-18,41%):

- São produtos que sobem e descem com muita facilidade. Essa queda pode virar uma alta no mês que vem. Portanto, não dá para garantir que a alimentação continuará barateando em julho.

Para julho, o economista diz que o IPC deve subir. Há o reajuste de 7,5% das tarifas de telefonia fixa - o que fará o índice aumentar, no mínimo, 0,3 ponto percentual - e o de energia elétrica em São Paulo. Dois itens que pesam bastante na inflação para o consumidor:

- Há mais fatores puxando o IPC para cima. O índice está em trajetória moderada de alta. Essa deflação no IGP-M não deve perdurar nos próximos meses, mas a situação é bem confortável - conclui Quadros.

INCLUI QUADRO: A EVOLUÇÃO DO ÍNDICE / O IGP-M MÊS A MÊS / OS COMPONENTES DO IGP-M