Título: BRASIL VOLTA A EXPORTAR CARNE PARA OS EUA
Autor: Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 30/06/2005, Economia, p. 29

Venda é liberada depois de ajustes no acordo sanitário

BRASÍLIA. Depois de um mês de suspensão, o Brasil voltou ontem a exportar carne bovina industrializada para os Estados Unidos. A liberação foi anunciada pelo secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Gabriel Alves Maciel. Ele lembrou que a proibição foi decidida pelo próprio ministério, como medida preventiva para ajustes no acordo sanitário firmado entre Brasil e EUA.

Esse procedimento foi adotado pelo governo brasileiro porque técnicos do Departamento de Agricultura americano, em visita ao Brasil em abril deste ano, reprovaram a maior parte dos frigoríficos brasileiros. O relatório da auditoria também acusava as autoridades sanitárias do país de incapacidade de fiscalização.

Frigoríficos brasileiros fizeram adaptações

A saída foi correr contra o tempo e fazer as adaptações necessárias que evitassem um embargo dos maiores importadores de carne industrializada do Brasil. A estratégia deu certo, pois os técnicos do governo americano realizaram uma nova auditoria nos estabelecimentos no período de 2 a 27 deste mês e constataram que os ajustes foram integralmente realizados.

Segundo o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Ministério da Agricultura,Nelmon Oliveira da Costa, seis frigoríficos foram autorizados a exportar para os Estados Unidos. Além disso, três laboratórios (dois credenciados e um oficial) também voltam a fazer análises dos produtos destinados à exportação.

- O Ministério da Agriculura decidiu retomar as exportações de carne bovina industrializada para os EUA depois de feitas as adequações no serviço de inspeção e nas operações dos frigoríficos - explicou o diretor.

Exportações chegaram aUS$197 milhões em 2004

Segundo ele, dados oficiais mostram que as exportações de carne bovina industrializada para os EUA renderam ao Brasil US$197 milhões em 2004. Sem o aperfeiçoamento para que o sistema sanitário se adequasse às exigências dos americanos, poderia ser prejudicada uma negociação que dura anos entre Brasil e EUA, para que sejam liberadas as vendas de carne bovina in natura para o mercado americano.

Pelo relatório do Departamento de Agricultura dos EUA, nenhum dos nove serviços de Inspeção de Produtos Animais visitados foi capaz de demonstrar capacidade de fiscalização dos frigoríficos. Outra conclusão foi que 14 dos 15 estabelecimentos não estavam cumprindo as exigências do sistema americano, como a desinfecção diária das salas de processamento da carne.