Título: BRASIL COMO MERCADO POTENCIAL
Autor: Cristina Azevedo
Fonte: O Globo, 30/06/2005, O Mundo, p. 30

Representante do Unodc alerta para avanço de drogas sintéticas

Embora o Brasil seja apenas um consumidor médio de drogas, pode representar um mercado em potencial para traficantes e o governo deveria desde já tomar medidas para deter o avanço de drogas sintéticas e desenvolver campanhas de saúde pública para usuários, adverte Giovanni Quaglia, representante do Unodc para Brasil e Cone Sul.

- Os serviços de tratamento precisam de tempo para serem implantados e precisam de financiamento público. Levam de cinco a dez anos para ficarem prontos. E pode ser que em cinco ou dez anos o consumo de drogas esteja muito maior do que é hoje. Pode se chegar a um ponto em que o sistema de saúde pública não consiga dar conta - explica.

Quaglia aponta para o envelhecimento da população nos principais mercados para as drogas - Estados Unidos e Europa -, que segundo ele poderia levar traficantes a buscarem outros mercados, como o Brasil, que tem mais de 50 milhões de jovens. Ele cita o avanço das drogas sintéticas, como as anfetaminas e o ecstasy, que vêm da Europa.

- As drogas sintéticas estão entrando mais e mais no país. Esse é um alerta que sempre temos feito: é preciso tomar todas as medidas para que este consumo não aumente.

A existência de uma grande indústria química poderia levar ainda a transferência da produção de drogas sintéticas para o Brasil.

O relatório mostra que a droga mais consumida no país é a maconha. Ele traz ainda uma relação de 15 países com características comparáveis, na qual o Brasil aparece em 7º no consumo de ecstasy; 10º, em cocaína e anfetaminas; e 12º, em maconha e haxixe, em termos de prevalência anual sobre a porcentagem da população. O Brasil foi também o quinto país em apreensão mundial de maconha em 2003, com 166,2 toneladas.

Por outro lado, a situação do país em relação à transmissão do HIV entre usuários de drogas injetáveis é menos grave que em outros países em desenvolvimento. Segundo o relatório, 50% dos usuários de drogas injetáveis no país são portadores do vírus HIV.

- Comparando o Brasil com países que não tiveram uma política e programas concretos para reduzir o HIV, foi feito um excelente trabalho. Ainda que o número seja elevado, vê-se situações na Rússia, no Leste Asiático, sobretudo, chegando a 80, 90% - afirmou Quaglia. (C.A.)