Título: COLONOS ISRAELENSES INTENSIFICAM PROTESTOS
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Fonte: O Globo, 30/06/2005, O Mundo, p. 31

Manifestantes contra retirada de colônias bloqueiam estradas e entram em choque com soldados e palestinos

JERUSALÉM. Opositores ultranacionalistas do plano de retirada das colônias judaicas na Faixa de Gaza e de um pequeno trecho da Cisjordânia bloquearam ontem estradas em vários pontos de Israel na tentativa de parar o país. Seis mil policiais entraram em ação e houve choques com os manifestantes, com mais de 160 prisões, e o premier Ariel Sharon prometendo ser firme na repressão.

O protesto começou cedo. Uma das primeiras estradas afetadas foi a que liga Jerusalém a Tel Aviv, as duas cidades mais importantes do país. Os manifestantes jogaram pregos e óleo na pista na hora do rush matinal, estourando os pneus de 20 veículos. Na autopista de Ayalon, que circunda Tel Aviv, o tráfego foi paralisado. A principal entrada de Jerusalém também foi bloqueada por dezenas de jovens e até crianças que tomaram as seis pistas. A polícia investiu contra os manifestantes - que gritavam o slogan "judeus não expulsam judeus!" - com canhões de água. Mais de 50 pessoas foram presas.

Em outras estradas do país, grupos - de adolescentes, em sua maioria - sentaram-se no meio das pistas, parando o tráfego até a chegada dos policiais.

- É uma brincadeira de gato e rato - disse o chefe de polícia de Tel Aviv. - Eles correm para a estrada e nós vamos lá e os tiramos.

Desocupação de hotel causa mais de 30 prisões

Sharon ordenou que as forças de segurança tomassem todas as medidas necessárias para impedir que os protestos parassem Israel.

- Não vamos permitir que um grupo de gangues arraste o país ladeira abaixo - avisou.

Outras 50 pessoas foram presas na cidade de Sderot, alvo freqüente dos foguetes dos grupos radicais palestinos baseados na Faixa de Gaza. Lá houve 30 prisões durante a operação policial para desocupar um hotel abandonado nos assentamentos de Gush Katif, invadido há dias por ativistas de direita. Dezenas de pessoas estavam entrincheiradas no prédio, que foi cercado com um cordão de isolamento e declarado área militar fechada. Os ativistas atearam fogo em pneus, obrigando a polícia a esperar a ação dos bombeiros para entrar no edifício, onde tremulava uma bandeira do grupo ultranacionalista antiárabe Kach, banido em Israel.

- Sou um judeu da Terra de Israel. Só temo a Deus - desafiou um jovem no local.

Antes da operação, já havia ocorrido um confronto entre os extremistas judeus e moradores palestinos da aldeia de al-Mawasi, onde foi pintada numa parede a frase "Maomé é um porco". A aldeia é cercada pelas colônias judaicas de Gush Katif e seguiu-se uma batalha de pedradas na presença de soldados de Israel. Quatro palestinos, um colono e um militar ficaram feridos.

No Norte de Israel, um soldado morreu e cinco se feriram em combates com a milícia xiita Hezbollah, perto da fronteira com o Líbano. Foi o maior enfrentamento dos últimos cinco meses entre Israel e o grupo libanês.

Aeronave israelense dispara míssil contra alvo em Gaza

Em Gaza, uma aeronave israelense disparou um míssil contra um alvo na cidade palestina de Beit Hanoun. Segundo o Exército, o disparo foi feito contra um depósito de armas de extremistas palestinos onde estavam armazenados foguetes al-Qassam de fabricação artesanal. O Exército disse que militantes palestinos haviam disparado foguetes contra o território de Israel.

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