Título: Infraero é mais uma estatal a ser investigada
Autor: Elenice Bottari
Fonte: O Globo, 01/07/2005, O País, p. 10

Objetivo é apurar relação entre diretores da empresa e a corretora Assurê, que pode ter sido beneficiada em operações O Ministério Público Federal no Rio abriu ontem inquérito civil público para apurar supostas irregularidades na Infraero. O objetivo é investigar a relação entre diretores da estatal e a Assurê Administração e Corretagem de Seguro, suspeita de ter sido beneficiada em transações de resseguro. A Infraero passou a ser alvo de investigações depois que a sindicância interna realizada no Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) levantou suspeitas sobre favorecimentos a corretoras e citou Adenauer Figueira Nunes, diretor financeiro da Infraero, entre os diretores de estatais que teriam pedido ao IRB a indicação da Assurê. Ministério Público Federal decide se caso fica no Rio Apesar de a sede da Infraero ser em Brasília, o procurador da República Edson Abdon decidiu abrir inquérito no Rio por haver interdependência entre as empresas investigadas. O procurador enviou cópias do inquérito a Brasília para que o Ministério Público Federal do Distrito Federal decida se mantém a investigação no Rio ou se assume o caso em Brasília, fazendo parceria com o Ministério Público Federal fluminense. Entre os documentos pedidos pelo Ministério Público Federal à estatal estão a cópia da carta de Adenauer à Bradesco Seguros, na qual ele designa a Assurê como única empresa apta a fazer a operação de corretagem; o contrato entre a Infraero e sua seguradora, bem como o contrato desta com a Assurê; e a cópia do parecer técnico-financeiro, com os motivos que levaram à escolha da Assurê como única administradora, para fins de corretagem de seguros. O procurador também pediu todas as agendas de compromisso e controles das ligações telefônicas de Adenauer entre 2003 e 2005. Abdon enviou cópia das portarias dos inquéritos de IRB, Eletronuclear, Furnas e Infraero ao chefe do Ministério Público do Estado do Rio, solicitando que se manifeste sobre seu interesse em participar da iniciativa do Ministério Público Federal. Denúncias surgiram com declarações de Lídio As denúncias sobre o IRB surgiram com declarações do ex-presidente do instituto Lídio Duarte sobre pressões que teria recebido do corretor de seguros Henrique Brandão, dono da Assurê, para pagar uma mesada ao PTB de R$400 mil. Além do nome de Adenauer Figueira, a sindicância interna no IRB também citou os nomes de diretores de outras estatais: Rodrigo Botelho Campos, de Furnas, e José Marcos Castilho, da Eletrobrás, que também teriam pedido ao instituto a indicação da Assurê. Credenciada em agosto de 2003 no IRB, a Assurê chegou ao fim do ano com 5% dos negócios, num total de R$15,07 milhões em prêmios.