Título: CONSELHO TAMBÉM QUER QUEBRAR SIGILO
Autor: Maria Lima e Bernardo de la peña
Fonte: O Globo, 01/07/2005, O País, p. 3

Relator diz que há evidências, mas faltam provas do pagamento do mensalão

BRASÍLIA. O relator do Conselho de Ética da Câmara, Jairo Carneiro (PFL-BBA), anunciou ontem, após o depoimento do ex-líder do PP Pedro Henry (MT), que vai pedir à Mesa a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), do empresário Marcos Valério de Souza e das empresas SMP&B Comunicação e DNA Propaganda. Após mais de duas semanas de depoimentos, o Conselho chegou a evidências da existência de caixa dois na campanha eleitoral, mas não conseguiu confirmar o pagamento do mensalão, como denunciou Jefferson.

O relator afirmou que a única afirmação de Jefferson confirmada pelas testemunhas foi a de que o PT fez um acordo eleitoral com o PTB para repassar uma ajuda de R$20 milhões. Esta versão foi confirmada pelo líder do PTB, José Múcio (PE).

¿ Vou pedir a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de Jefferson para verificar, por exemplo, se ele recebeu recursos de diretores de estatais indicados por ele ¿ diz Carneiro.

Pedro Henry depôs ontem durante quatro horas

Pedro Henry, que depôs durante quatro horas e meia, negou as acusações feitas por Jefferson e apresentou dois gráficos sobre o comportamento do PP: primeiro, mostrando que o partido não teve crescimento expressivo de bancada, saindo de 49 deputados eleitos em 2002 para 55 hoje; segundo, que seu partido era menos fiel ao governo do que o PTB. Henry sugere que, pela lógica de Jefferson, se os deputados do PP estivessem recebendo mensalão, deveriam ser mais fiéis ao governo.

O ex-líder do PP disse que para obter novas filiações prometia facilidade na liberação de recursos do Orçamento, o que, segundo ele, é uma prática comum entre os partidos governistas tanto na gestão Lula quanto na Fernando Henrique.

Duas vezes Henry pôs em dúvida a sanidade de Jefferson:

¿ Ele está ultrapassando o limite da sanidade. Deixou de ser autodefesa para ser uma coisa doentia. E está se transformando numa coisa patológica.