Título: Jefferson acusa e Lula afasta diretores de Furnas
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 01/07/2005, O País, p. 5

Presidente reage a denúncias com demissão de três dirigentes da estatal e ordem para a PF investigar BRASÍLIA. O governo determinou ontem a abertura de inquérito na Polícia Federal e afastou três diretores de Furnas Centrais Elétricas depois de o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) denunciar, em entrevista à ¿Folha de S.Paulo¿, que suposta sobra de R$3 milhões por mês nas contas de Furnas seria repartido entre o PT, diretores da estatal e deputados. O ministro interino de Minas e Energia, Maurício Tolmasquim, determinou às diretorias da Eletrobrás e de Furnas rigorosa apuração, em sindicância interna, das irregularidades denunciadas e o afastamento do cargo e das empresas, durante as investigações, dos diretores Dimas Toledo (Engenharia), Rodrigo Botelho (de Gestão Corporativa) e José Roberto Cesaroni Cury (Financeiro). Segundo Jefferson, Dimas teria lhe dito que o dinheiro era repartido da seguinte forma: R$1 milhão para o PT nacional, por intermédio do tesoureiro do partido, Delúbio Soares; R$1 milhão para o PT de Minas, intermediado pelo diretor da estatal Rodrigo Botelho; R$500 mil para a diretoria de Furnas; e R$500 mil distribuídos para um pequeno grupo de deputados. Controlador defendeu afastamento de acusados De manhã, em solenidade no Palácio do Planalto, o controlador-geral da União, Waldir Pires, disse que as denúncias de caixa dois em Furnas deviam ser investigadas numa sindicância e defendeu o afastamento dos responsáveis pelas irregularidades. Pires afirmou que as denúncias, assim como as acusações envolvendo os Correios, devem ser apuradas integralmente: ¿ Tudo deve ser objeto de investigação. Furnas tem aspectos diferenciados porque é uma empresa estatal, mas provavelmente será objeto de sindicância imediata e, provavelmente, com o afastamento dos que sejam responsáveis do exercício de suas funções. O vice José Alencar também se disse favorável à apuração rigorosa das denúncias: ¿ As denúncias têm que ser apuradas, até se achar a verdade. O Brasil não abre mão de conhecer a verdade. O ministro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, Jaques Wagner, por sua vez, foi irônico ao comentar as denúncias: ¿ Caixa dois nas estatais? Que eu saiba, não (existe). Aliás, é difícil... Waldir Pires falou também sobre os indícios de irregularidades nos contratos realizados pelos Correios, cujas cópias foram enviadas à CPI dos Correios, no Congresso: ¿ Preocupa (a possível fraude nos Correios) pelo valor dos contratos, porque chega a R$1 bilhão. Evidentemente que devem haver indícios, mas uma auditoria não pode ser leviana. Onde ocorrer o que ocorre nos Correios, vamos instaurar auditorias e fazer a apuração de tudo. O controlador-geral da União afirmou ainda que a existência do mensalão não é novidade na política nacional: ¿ Ajudei o presidente João Goulart a acabar com um mensalão em 1962, quando era desembolsado algo aos candidatos a deputados e senadores para impedir que houvesse crescimento das bancadas progressistas.