Título: No palco da CPI, polêmicas de oposicionistas e governistas
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 03/07/2005, O País, p. 13

Delcídio foi apelidado de `o paciente¿ e ouve por horas depoimentos: `Vou matar esse pessoal no cansaço¿ BRASÍLIA. Duas semanas após iniciar suas atividades com a pecha de CPI chapa branca e longos depoimentos depois, os personagens incorporados pelos parlamentares no teatro político ¿ como definiu o presidente do PTB, Roberto Jefferson ¿ da comissão criada para investigar a corrupção nos Correios já começam a aparecer bem definidos. Entre os deputados e senadores, o presidente da CPI, Delcídio Amaral (PT-MS), já foi apelidado de ¿o paciente¿. Pressionado pela direção do PT, atenta aos rumos da CPI, mas preocupado em manter a isenção, Delcídio ouve por horas depoimentos e as intermináveis polêmicas que surgem entre oposicionistas e governistas, salpicadas de gritos de ¿Pela ordem, senhor presidente¿. ¿ Vou matar esse pessoal no cansaço ¿ brincou o senador, num grupo que reclamava da demora nos depoimentos semana passada. Mas o presidente da CPI não é o único. Ao contrário: cada um dos parlamentares imprime seu próprio ritmo ao participar dos interrogatórios. O relator Osmar Serraglio (PMDB-PR) já é conhecido pelo tom professoral e pelas intervenções legalistas. Aliás, na comissão há quase uma bancada da lei, composta por parlamentares com história ligada ao Judiciário. Dentro deste grupo, há ainda o subgrupo dos regimentalistas, aqueles que entendem muito das normas que regem o funcionamento da CPI. Os principais embates, entretanto, acontecem entre os deputados da tropa de choque do governo, que não podem ouvir o nome de um dirigente do PT citado nos depoimentos para interromper os trabalhos com uma lembrança de algum problema da gestão tucana. Quando isso ocorre, entram em campo os deputados do batalhão de operações especiais da oposição, com respostas às provocações.