Título: GUARDIÃO DO MAPA DE CARGOS DO GOVERNO
Autor: Flávio Freire/Ilimar Franco/Tereza Cruvinel/Gerson
Fonte: O Globo, 05/07/2005, O País, p. 3

SÃO PAULO e BRASÍLIA. Homem de confiança do ex-chefe da Casa Civil José Dirceu na direção do PT, Sílvio Pereira, de 43 anos, tem 25 anos de partido. Ex-assessor do diretório municipal de Osasco, por muito tempo viveu na sombra de grandes líderes do partido, mas ganhou prestígio. Na campanha de Lula, foi responsável pelo mapeamento das alianças nos estados. Organizou a infra-estrutura para a festa de posse e, com o PT no poder, tornou-se guardião do mapa de cargos no governo.

Coube a Silvinho, como é chamado, comandar reuniões para desenhar o mapa administrativo da gestão de Lula. Ele deu nó firme em laços já estreitos com Dirceu e dividiu entre os aliados mais de 20 mil cargos de confiança do governo Lula.

Sociólogo formado pela PUC de São Paulo, Sílvio Pereira volta e meia é enquadrado por fazer declarações à imprensa que incomodam a direção do partido. No início do mês passado, disse, em conversa com jornalistas, na sede do diretório nacional, que estava incomodado com a postura de ¿certos ministros¿ que, segundo ele, falavam uma coisa em público e outra nas reuniões internas.

Ao longo do dia, Sílvio evitou encontros com dirigentes petistas. Enviou as cartas ao PT por um portador. Não deu expediente na secretaria geral do partido e evitou falar com repórteres por telefone. Nos bastidores, alguns apostavam que a estratégia de Silvinho foi a de se antecipar a um desgaste ainda maior diante da executiva, que para a reunião de hoje preparava uma ¿inquisição¿ para que explicasse as denúncias contra ele.

Há tempos o secretário-geral vem reclamando a colegas de partido da falta de apoio por parte da direção em relação às denúncias de Jefferson. No último dia 9, em conversa com jornalistas na sede do diretório nacional, disse que a direção do partido estava perdida, sem saber que rumo tomar. Desde então vinha pedindo para deixar o cargo, sendo orientado a não sair para evitar mais desgaste político.