Título: GAZETA GARANTIDA POR ATESTADO FORJADO
Autor: Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 05/07/2005, O País, p. 5

Delúbio recebeu ajuda de sindicato para garantir salário de professor

BRASÍLIA. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego) forjou documentos para garantir que o tesoureiro do PT, Delúbio Soares, continuasse a receber o salário de professor da rede pública mesmo afastado da função para se dedicar ao partido. O GLOBO obteve cópia de ofício em que o Sintego declara que em março de 2005 o petista dava expediente de 40 horas semanais na entidade. O documento atesta que Delúbio teve freqüência normal, apesar de morar em São Paulo e a sede do sindicato ficar em Goiânia.

Só este ano pelo menos outras quatro declarações semelhantes foram emitidas. Com base nesses documentos, o nome de Delúbio era incluído na folha. Professor concursado da rede estadual de Goiás, o tesoureiro está afastado das salas de aula desde o começo dos anos 80. Ainda assim, na maior parte dos anos ele recebeu o salário de professor, cujo valor líquido é de R$1.051.

Documento pode configurar falsidade ideológica

No ofício obtido, o nome de Delúbio faz parte de uma lista de servidores supostamente licenciados para trabalhar para o sindicato. Na frente do nome dele, aparece sua suposta carga horária: 40 horas semanais. O ofício, de 5 de abril deste ano, é assinado pela então presidente do sindicato, Noeme Diná Silva. Naquele mesmo dia, o papel foi recebido oficialmente pela Secretaria de Educação.

Especialistas em direito público afirmam que o documento pode configurar falsidade ideológica tanto dos dirigentes do sindicato quanto de Delúbio. Noeme Silva, a sindicalista que assina a declaração, não foi localizada. O novo presidente do sindicato, Domingos da Silva, disse apenas que ¿essa é uma questão que está sendo discutida entre a Secretaria de Educação e o servidor Delúbio¿.