Título: BC: PROJEÇÃO DE INFLAÇÃO CONTINUA EM QUEDA
Autor:
Fonte: O Globo, 05/07/2005, Economia, p. 19

Estimativas do mercado recuam para 5,94%, perto da meta do governo para este ano. IPC-RJ fica em 0,02%

BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO. Os analistas de mercado reduziram pela sétima semana consecutiva a estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2005. Segundo a pesquisa ¿Focus¿ do Banco Central, realizada com cem economistas, a projeção média caiu de 6,05% para 5,94% ¿ a meta fixada pelo governo é de 5,1%. Para 2006, a previsão se mantém em 5% há 59 semanas, perto da meta de 4,5%.

A melhora nas projeções se deve à queda do IPCA esperada para junho e julho, devido à valorização do real frente ao dólar e ao menor reajuste das tarifas de energia e telefone fixo. Para os analistas, o IPCA de junho deve ficar em 0,08%, frente a projeção anterior de 0,17%. Em julho, a expectativa é de 0,46%, contra 0,54% semana passada.

Com a deflação registrada no último mês, as previsões para os índices de preços ao atacado estão abaixo das do IPCA. A do IGP-M, que reajusta a energia, caiu de 5,09% para 4,94% este ano. Para o IGP-DI, da telefonia, a estimativa recuou de 5,15% para 4,75%. Em 2006, ambos devem alcançar 5,5%.

Grupo Alimentação teve deflação de 1,23%

Os índices divulgados ontem mostram essa tendência. O Índice de Preços ao Consumidor no Rio (IPC-RJ), divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas (FGV), foi de 0,02% em junho, contra 0,75% em maio. É a menor taxa desde setembro de 2004, quando a variação foi de -0,03%. No ano, o IPC-RJ subiu 3,60% e, nos últimos 12 meses, 6,69%.

O grupo Alimentos, o segundo de maior peso no orçamento doméstico, foi o principal responsável pela desaceleração do IPC-RJ: passou de 0,89% para -1,23% em junho.

¿ Artigos em safra e o repasse da queda de preços do atacado para o varejo contribuíram para a baixa da inflação. Além disso, não houve reajuste dos preços administrados ¿ disse André Furtado Braz, coordenador dos IPCs na FGV.

Ele acredita que o índice deve ter uma pequena alta este mês, devido ao reajuste da telefonia fixa, mas não deve chegar a 1%.

Em São Paulo, a capital teve em junho a maior queda de preços em 24 meses: o IPC-SP, da FGV, registrou deflação de 0,23%. É a menor taxa desde junho de 2003 (-0,29%). O grupo Alimentação também registrou a maior queda de preços, passando de 1,22% em maio para -0,99% mês passado. No acumulado do ano, o IPC-SP registra alta de 3,40% e, nos últimos 12 meses, de 6,27%.

Além disso, o preço da cesta básica caiu mês passado em 12 das 16 capitais brasileiras, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) divulgado ontem. As maiores quedas foram em Brasília (7,37%), Belo Horizonte (6,81%) e Belém (5,08). No Rio, o custo recuou 4,20% e em São Paulo, 2,91%. Só registraram alta as capitais Aracaju (3,06%), João Pessoa (3%), Fortaleza (1,96%) e Recife (1,01%).

São Paulo tem a cesta básica mais cara do país Apesar da queda em junho, a cidade de São Paulo passou a ter a cesta básica mais cara do Brasil (R$183,14). Porto Alegre, que antes estava no topo do ranking, ficou em segundo, com R$182,05. Brasília, com R$173,01, ficou em terceiro. A cesta mais barata do país é a de Salvador (R$136,95).