Título: Palocci afirma ter confiança total na decisão do BC de elevar juros
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 22/10/2004, Economia, p. 27

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, defendeu ontem a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de elevar a taxa básica de juros da economia, a Selic, de 16,25% para 16,75% ao ano.

¿ Confio integralmente no Copom. As atas (da reunião do comitê) têm sido muito claras e o BC, absolutamente transparente ¿ disse o ministro.

O presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Paulo Godoy, foi recebido ontem pelo ministro e disse que Palocci explicou que o Copom tomou a decisão devido a uma preocupação com a inflação. Segundo Godoy, o ministro lembrou que há incertezas sobre o impacto dos preços dos combustíveis e do petróleo nos índices e que a decisão do Copom foi tomada para que medidas posteriores não sejam mais duras.

¿ Ele (Palocci) não acha que a trajetória dos juros tem que ser ascendente. Essa é uma correção momentânea ¿ disse o presidente da Abdib.

Empresário apóia ampliação do pacote tributário

Godoy disse que vai apresentar ao governo uma proposta de ampliação do pacote tributário já anunciado para estimular o crescimento da economia. Segundo ele, a idéia é dar algum tipo de benefício para fundos que tenham como remuneração investimentos em infra-estrutura.

¿ Um dos mecanismos é ampliar um pouco o pacote tributário e talvez estudar mecanismo diferenciado para as aplicações de cotas dos fundos que têm por objetivo investimento ¿ disse ele.

O empresário afirmou que os fundos de pensão, que têm um patrimônio de R$ 250 bilhões, transferiram quase 30% de suas aplicações de fundos de renda variável para fundos de renda fixa ¿ que foram beneficiados no pacote tributário do governo ¿ nos últimos cinco anos.

Pelos cálculos da Abdib, o Brasil precisa de R$ 20 bilhões por ano de investimentos em infra-estrutura para que a economia consiga crescer sem gargalos. Segundo o presidente da entidade, Palocci disse que o governo não vai dispor de recursos orçamentários em volume suficiente para fazer investimentos em infra-estrutura e, por isso, conta com a ajuda do setor privado.