Título: Trocas no Ministério ficam só entre PT e PMDB
Autor: Ilimar Franco e Diana Fernandes
Fonte: O Globo, 04/07/2005, O País, p. 5

Presidente Lula deve anunciar hoje à tarde reforma que tem como objetivo consolidar apoio de peemedebistas BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve anunciar, na tarde de hoje, no Palácio do Planalto, a segunda reforma ministerial de seu mandato, que tem como objetivo reforçar o apoio ao governo no Congresso. As mudanças no primeiro escalão vão se resumir à troca de ministros petistas por nomes indicados pelo PMDB, que terá participação ampliada de dois para quatro ministérios. No momento em que o governo vive sua maior crise, o acerto com o PMDB é para evitar que o presidente seja submetido a um julgamento político, como conseqüência dos escândalos dos Correios e do mensalão. Acuados pela oposição e sem força para resistir, os petistas vão ter que engolir o PMDB em postos estratégicos da administração, como o Ministério da Saúde. Em troca, o PMDB garante a fidelidade, de saída, de 19 dos 23 senadores e 52 dos 85 deputados. Mas, nas conversas com o PMDB ficou claro que o apoio se restringe ao presidente e ao governo, sem compromissos para defender o PT. Segundo fontes do governo, o presidente já decidiu o que fazer na reforma e não quer mais adiar o anúncio. Lula quer viajar para a Escócia, onde participará da reunião do G-8, quarta-feira, com a questão decidida. A única mudança que não estava certa até ontem era a troca do petista Humberto Costa pelo peemedebista mineiro Saraiva Felipe no Ministério da Saúde. Lula ainda pensava num nome de mais impacto para a pasta, como o do médico Dráuzio Varella. Além da Saúde, os petistas vão perder o Ministério de Minas e Energia, antes ocupado por Dilma Roussef. É para onde irá o presidente da Eletrobrás, Silas Rondeau, indicação de José Sarney. Os outros nomes do PMDB são o senador Hélio Costa (MG) para Comunicações ou Previdência e Paulo Lustosa, ou outro nome, para Comunicações ou Previdência. A baixa entre os petistas inclui ainda Ricardo Berzoini (Trabalho) e os secretários Nilmário Miranda (Direitos Humanos) e José Fritsch (Pesca), cujas secretarias perderão status de ministério. Nomes técnicos para estatais O presidente Lula deve anunciar também mudanças nas presidências das estatais, substituindo políticos que vão disputar as eleições por nomes técnicos. Pelo critério, deverão sair Eduardo Dutra, da Petrobras, e Carlos Wilson, da Infraero. Com a crise se agravando e os partidos aliados, como PP e PL, fragilizados diante das denúncias, o PMDB passou a ser decisivo para o governo.

¿ É preciso dar consistência à base e à governabilidade. O PMDB não vem inteiro, mas com esta ampliação será possível consolidar a relação com um pedaço do partido, a ala governista, para depois ir ampliando ¿ diz o líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA).

A expectativa do PT pode não se concretizar, na avaliação de peemedebistas de oposição. Eles dizem que Lula deu mais espaço para os governistas para receber o mesmo apoio que tem hoje. A situação preocupa os petistas, agora terão que se render ao poder do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e de dirigentes do partido como o senador José Sarney (PMDB-AP) e o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA).

¿ O governo não tem como resgatar sua imagem a curto prazo. Eles têm que se preocupar agora é com a manutenção do poder ¿ diz Jader.

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