Título: PT encolhe para PMDB crescer no Ministério
Autor: Ilimar Franco e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 02/07/2005, O País, p. 12

PT encolhe para PMDB crescer no Ministério

Na reforma, partido do presidente deverá perder o comando das pastas da Saúde, Trabalho e Minas e Energia

BRASÍLIA. Na reforma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciará segunda-feira ou terça-feira, o PT vai perder o comando dos ministérios da Saúde, do Trabalho e de Minas e de Energia e o status de ministros de mais duas secretarias, Direitos Humanos e Pesca. O partido, vulnerável com as denúncias do deputado Roberto Jefferson, pode perder ainda o Ministério das Cidades. A reforma fortalece a presença do PMDB no governo, que passará de dois para quatro ministérios, entre os quais o da Saúde, dono do maior orçamento da Esplanada.

Romero Jucá deve ser demitido da Previdência

Já é dada como praticamente a demissão do ministro da Previdência, Romero Jucá, que responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal por supostas irregularidades. Ele teve uma audiência ontem com Lula, no fim da tarde, e deverá ter outra na segunda-feira de manhã.

Ontem o PMDB enviou ao Planalto os nomes do partido para o Ministério. Os líderes do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), e na Câmara, José Borba (PR), fizeram as listas com nomes apoiados pela maioria das duas bancadas. Os nomes da Câmara são o deputado Saraiva Felipe (MG), ex-secretário da Saúde de Minas Gerais, para o Ministério da Saúde, e o secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Paulo Lustosa, ministro da Desburocratização do governo Sarney, que poderá ficar no próprio ministério ou assumir a Previdência.

Os nomes aprovados pela bancada do Senado são o presidente da Eletronorte, Silas Rondeau, ligado ao senador José Sarney (PMDB-AP), para Minas e Energia, e o senador Hélio Costa (PMDB-MG) para Comunicações. O partido ofereceu como alternativa outros quatro nomes. A ampliação da presença do PMDB no governo tem o objetivo de consolidar o partido na base parlamentar aliada.

Lula só vai fechar a reforma na segunda-feira. Ontem assessores diziam que está praticamente certo que o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) irá para o Ministério do Trabalho. O atual titular do cargo, Ricardo Berzoini, volta à Câmara.

Seis ministros estão garantidos nos cargos

Também estavam garantidos Walfrido Mares Guia (PTB), no Turismo; Ciro Gomes (PSB), na Integração Nacional; Eduardo Campos (PSB), em Ciência e Tecnologia; Alfredo Nascimento (PL), nos Transportes; Agnelo Queiroz (PCdoB) nos Esportes, e Gilberto Gil (PV) na Cultura.

Devem permanecer os petistas: Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), Antonio Palocci (Fazenda), Paulo Bernardo (Planejamento), e Marina Silva (Meio Ambiente). Lula determinou que devem entregar os cargos os ministros candidatos, embora Nascimento, Campos, Aldo e Wagner tenham pretensões eleitorais para 2006.