Título: Benefício cresce a `taxas estonteantes¿ de 24% ao ano
Autor: Valderez Caetano
Fonte: O Globo, 25/10/2004, Economia, p. 17

A preocupação com o aumento do auxílio-doença persegue até quem já não é do governo. O economista Fábio Giambiagi, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e o ex-ministro da Previdência Social José Cechin acabam de publicar um estudo no qual dizem que o auxílio-doença vem crescendo a ¿taxas estonteantes¿ de 24% ao ano desde 1999. Já a quantidade de benefícios emitidos (aposentadorias e pensões) aumentou em média apenas 3,8% ao ano.

Segundo os dois economistas, em 1999 foram concedidos 460.388 auxílios-doença; em 2000, 492 mil; e em 2001, 554.313. Um ano depois, o número de concessões do auxílio-doença chegou a 849.074; e em 2003, a 1,08 milhão. Os dados mostram que, entre 2002 e o ano passado, o crescimento foi de 47%. Parte deste salto é atribuída à greve prolongada dos funcionários do INSS, que contribuiu para represar os benefícios.

Este ano a estimativa do governo é que a busca pelo auxílio-doença possa ficar entre 1,3 milhão e 1,5 milhão. Cechin vê como uma das causas para o aumento dos pedidos e concessões do benefício o fato de o quadro de médicos do INSS estar muito envelhecido pela falta de concurso público. Além disso, aponta ele, aumentou o credenciamento de médicos particulares para prestar serviços em perícia médica:

¿ Esses médicos não têm grande preocupação com as contas da Previdência e podem estar sendo pouco cuidadosos na concessão do auxílio-doença. Além disso, diante de maiores exigências para a aposentadoria, é possível que parte dos segurados esteja procurando outros benefícios.