Título: Publicitário apresenta documentos para contestar versões de Jefferson
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 07/07/2005, O País, p. 4

Ele nega ter sido o portador dos R$4 milhões do PT para o PTB BRASÍLIA. Acusado pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser um dos operadores do mensalão, o publicitário Marcos Valério contestou a versão de seu principal algoz. Negou ter sido o emissário do PT para entregar uma mala de R$4 milhões para custear a campanha eleitoral de petebistas em 2004. Na tentativa de provar que esse encontro não ocorreu, ele apresentou à CPI dos Correios os comprovantes de viagens em vôos comerciais, notas de hotéis e de restaurantes que mostrariam seu itinerário durante toda a primeira quinzena de julho do ano passado, período no qual Jefferson afirma ter recebido a doação do PT das mãos de Valério. ¿ Fisicamente, o deputado Roberto Jefferson só teria chance de estar comigo no dia 7 de julho, quando estive em Brasília, numa data diferente da que ele alega ter recebido o dinheiro. Assim, está provado que não me encontrei com ele ¿ afirmou. Jefferson sustenta que teria recebido a quantia do publicitário e guardado o dinheiro no cofre do PTB. O deputado não revela o destino do dinheiro e diz que só fará isso se o PT der ao seu partido os recibos que comprovem a doação. Serei ministro sem pasta¿ O publicitário também negou que seus encontros com o ex-líder do PMDB, deputado José Borba (PR), tenham sido para tratar de nomeações de peemedebistas para cargos no governo federal. ¿ Isso é mentira. Tratei com ele (Borba) de assuntos políticos. Falamos da campanha política do PMDB. Até porque, daqui a pouco serei um ministro sem pasta ¿ ironizou Valério. Suspeito de ser um dos beneficiários do mensalão, o deputado José Borba entregou anteontem a liderança do PMDB. A ex-secretária de Valério, Fernanda Karina Somaggio, disse que Borba e o publicitário se falavam pelo menos uma vez por semana ao telefone e que tiveram três ou quatro encontros. Foi também com ironia que o publicitário se referiu à ex-secretária, que o acusa de ser um dos principais operadores do mensalão. Lendo e-mails que Fernanda Karina teria lhe mandado depois de ser demitida, Valério explicou que esses recados dela insinuando que estaria sendo pressionada por jornalistas para dar informações sobre o ex-chefe teriam motivado a ação de extorsão que move contra Karina.

Encontros na Casa Civil O publicitário admitiu que esteve algumas vezes com Sandra Cabral, uma das principais assessoras do ex-ministro José Dirceu. ¿ Mas todas as vezes que fui lá, foi para tratar da campanha de Delúbio Soares ao Senado ¿ explicou. Apesar dos contratos de suas empresas na área de publicidade, Valério negou ontem que conheça o secretário de Comunicação do governo, Luiz Gushiken, que controla de perto todo o orçamento publicitário da União. Valério confirmou, porém, que a esposa do diretor de Comunicação da Secom, Marco Antônio, trabalha numa de suas empresas, a Multiaction Eventos, cujo faturamento anual chega a R$40 milhões.