Título: RODRIGUES NEGA TER RECEBIDO MENSALÃO
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 07/07/2005, O País, p. 9

Deputado do PL, porém, admitiu relações políticas com Delúbio, Sílvio e Sereno

BRASÍLIA. Em depoimento no Conselho de Ética da Câmara ontem, o deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ), ex-bispo da Igreja Universal, negou ter recebido o mensalão supostamente pago a deputados a aliados no governo Lula. Admitiu, porém, conhecer e ter relações políticas com os petistas Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, Sílvio Pereira, ex-secretário-geral, e com o secretário de Comunicação do partido, Marcelo Sereno.

O bispo, que chorou ao falar de sua expulsão da cúpula da Igreja Universal do Reino de Deus, disse que não conhece o publicitário Marcos Valério, mas conhece, há mais de dez anos, o ex-agente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Jairo Martins.

¿ Com o senhor Valério nunca tive contato. Não conheço, nunca vi e nem sabia que era calvo ¿ afirmou.

No depoimento, Rodrigues contou que conheceu Delúbio por intermédio de deputados petistas evangélicos. Admitiu encontros na sede do partido em Brasília e também em São Paulo e disse que as conversas sempre giravam em torno de apoio eleitoral, até fora do Brasil. Uma vez, disse, Delúbio pediu que ele ajudasse o candidato socialista em Moçambique.

Em outra ocasião, os dois conversaram sobre acordo político entre o PT e o PL para as eleições municipais de Recife ano passado, que acabou não se concretizando. Ele e Marcelo Sereno trataram, por exemplo, da aliança entre PL e PT no Rio. Sílvio Pereira ele conheceu na campanha de Lula.

O deputado negou também ter iniciado a prática do mensalão na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, como denunciou Roberto Jefferson. E passou pelo constrangimento de ter de identificar, depois de dizer que não se lembrava só pelo nome, o advogado Rogério Batista Schirago, responsável por denunciar o escândalo da Loterj. O advogado foi levado ao plenário por advogados de Jefferson.

Segundo Schirago, o Ministério Público do Rio investiga a captação de dinheiro por funcionários da loteria, repassado à chefe de gabinete de Rodrigues no Rio, Márcia Alzira, que por sua vez remetia à chefe de gabinete em Brasília, Sandra, mulher de Waldomiro Diniz. Rodrigues disse que empregou Sandra para ajudar Waldomiro, desempregado após a derrota de Cristovam Buarque na reeleição para o governo do DF.