Título: VALÉRIO MINIMIZA LUCRO COM O GOVERNO
Autor: Bernardo de la Peña
Fonte: O Globo, 07/07/2005, O País, p. 9

Publicitário diz que suas empresas faturam pouco com contas públicas BRASÍLIA. No depoimento à CPI, Marcos Valério tentou minimizar o peso de suas contas com o governo federal no faturamento de suas empresas. Disse que, juntas, a SMP&B Comunicação e a DNA Publicidade têm um faturamento anual de cerca de R$400 milhões e apenas 20% desse total viriam dos cofres públicos. Os parlamentares destacaram que os grandes contratos das empresas dele com o governo foram ampliados no atual governo por meio de prorrogações e aditamentos. Os gastos do Banco do Brasil com publicidade pularam de R$153 milhões em 2003 para R$262 milhões em 2004. O contrato dos Correios teve um acréscimo de 25%, passando de R$72 milhões para R$90 milhões. O contrato da Câmara dos Deputados passou de R$9 milhões para R$10,8 milhões em 2004. Esse contrato foi assinado em 31 de dezembro de 2003, na gestão do deputado João Paulo Cunha (PT-SP). Valério disse que a DNA recebeu R$103 milhões do BB no ano passado e a SMP&B, outros R$28 milhões dos Correios. A maior parte desses recursos é destinada ao pagamento da publicidade aos veículos de comunicação, mas ainda assim os oposicionistas ressaltam que, com os aditamentos, as agências de Valério ampliaram muito a sua participação a partir de 2003. ¿ As agências ganham as licitações oferecendo muitas vezes preços mais baixos e depois os contratos são aditados e renovados sem licitações ¿ afirmou Onyx Lorenzoni (PFL-RS). Tentativa de desvincular relação com governo Lula Valério tentou mostrar que a maioria dos contratos teve início na gestão de Fernando Henrique Cardoso, numa tentativa de desvincular suas relações com o atual governo. Ele negou superfaturamento no contrato dos Correios. Segundo ele, para superfaturar um contrato como esse, ele teria de estar mancomunado com as empresas de comunicação que veicularam as campanhas de publicidade e institucionais da estatal. Ele não soube explicar por que o contrato foi reajustado em 25% logo depois de o mesmo ser prorrogado por um ano em novembro de 2004: ¿ Propaganda não é a minha especialidade. Se quiserem suspender por uma semana o contrato para analisarem, podem. Eu abro tudo. A DNA Comunicação presta serviços atualmente ao BB, Ministério do Trabalho e Eletronorte. Valério disse que a empresa tem a conta do BB desde 1994. Só que em 2003 houve uma nova licitação e a DNA permaneceu no banco. Segundo dados fornecidos pelo próprio publicitário, só nos últimos quatro anos e meio, esse contrato rendeu mais de R$350 milhões à DNA.